ONU diz que Rússia pode ter cometido crimes de guerra na Ucrânia
Segundo a comissária do órgão, Michelle Bachelet, já foi documentada em território ucraniano uma "história terrível de violações perpetradas contra civis"
A agência das Nações Unidas para Direitos Humanos disse nesta sexta-feira (22) que as ações da Rússia na Ucrânia podem equivaler a "crimes de guerra".
Segundo a comissária do órgão, Michelle Bachelet, já foi documentada em território ucraniano uma "história terrível de violações perpetradas contra civis". "Ao longo dessas oito semanas, o direito internacional humanitário não foi apenas ignorado, mas foi aparentemente deixado de lado", disse.
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Já a porta-voz da agência de Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, acrescentou que as Forças Armadas russas "bombardearam indiscriminadamente áreas povoadas, matando civis e destruindo hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, ações que podem equivaler a crimes de guerra".
Apenas em Bucha, cidade dos arredores de Kiev libertada no fim de março, uma missão da ONU documentou a morte de pelo menos 50 civis, sendo que alguns teriam sido assassinados em "execuções sumárias".
"Quase todos os moradores de Bucha com quem falamos contaram sobre a morte de um parente, um vizinho ou até de um estranho.
Sabemos que muito ainda precisa ser feito para revelar o que aconteceu ali e sabemos também que Bucha não foi um incidente isolado", destacou Bachelet.
Após a retirada das tropas russas dos arredores de Kiev, as autoridades ucranianas denunciaram indícios de crimes de guerra contra a população civil em cidades como Borodyanka, Bucha e Irpin, onde foram encontrados corpos jogados nas ruas, cadáveres com sinais de tortura e valas comuns com dezenas de mortos.
Desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, a ONU contabiliza pouco mais de 2,3 mil vítimas civis, mas reconhece que esse número deve estar subestimado. "Essa guerra sem sentido precisa acabar", afirmou Bachelet.