Jerusalém: embate com polícia israelense deixa 150 palestinos feridos

Polícia entrou na Mesquita de al-Aqsa para repelir multidão; escalada de violência ocorre no auge do Ramadã

Cidade de Jerusalém, Israel
Foto: Reprodução: pixabay
Cidade de Jerusalém, Israel

Pelo menos 150 palestinos ficaram feridos em confrontos com a tropa de choque israelense dentro da Mesquita de al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, palco ce quatro horas de embates nesta sexta-feira. Três policiais também ficaram feridos nos  confrontos e centenas de palestinos foram detidos.

A maioria dos ferimentos foi causada por balas de borracha, granadas de efeito moral e espancamentos com cassetetes da polícia, de acordo com o Crescente Vermelho palestino.

Em um comunicado, a polícia israelense disse que centenas de palestinos atiraram fogos de artifício e pedras contra policiais israelenses e em direção à área de oração judaica, próxima do Muro das Lamentações, após as orações matinais do Ramadã, importante feriado muçulmano. A nota diz que a polícia entrou na Mesquita de al-Aqsa para “dispersar e repelir (a multidão e) permitir que o restante dos fiéis deixasse o local com segurança”.

"Estamos trabalhando para restaurar a calma, no Monte do Templo e em Israel. Além disso, estamos nos preparando para qualquer cenário e as forças de segurança estão prontas para qualquer tarefa", disse o premier israelense, Naftali Bennett, usando o nome judaico para a esplanada.

escalada de violência ocorre no auge do Ramadã e às vésperas da Páscoa judaica, que também coincide com a Semana Santa para os cristãos, alimentando as tensões em locais sagrados em Jerusalém.

O complexo de al-Aqsa fica na Esplanada das Mesquitas, no topo da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, área ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e posteriormente anexada. A mesquita é conhecida pelos muçulmanos como al-Haram al-Sharif, ou Nobre Santuário, e pelos judeus como Har HaBayit, ou Monte do Templo. É o lugar mais sagrado do judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã, atrás da Grande Mesquita de Meca e da Mesquita do Profeta em Medina, na Arábia Saudita.

As Forças armadas israelenses já mataram 20 pessoas no território ocupado da Cisjordânia desde 22 de março, após série de ataques em Tel Aviv. Israel sofreu um total de quatro ataques, os dois primeiros perpetrados por árabes israelenses ligados à organização jihadista Estado Islâmico (EI) e os dois últimos por palestinos da região de Jenin. Os ataques deixaram um total de 14 mortos.

Na quarta-feira, um advogado e dois jovens palestinos foram mortos em incidentes separados na Cisjordânia. Na quinta, mais três palestinos foram mortos.

O Ministério das Relações Exteriores da Palestina disse que “considera Israel total e diretamente responsável por este crime e suas consequências”. O Hamas, o grupo que controla a Faixa de Gaza, disse que Israel “é responsável pelas consequências”.

"É necessária uma intervenção imediata da comunidade internacional para impedir a agressão israelense contra a mesquita de Al-Aqsa e evitar que as coisas saiam do controle", disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, que governa áreas dos territórios ocupados por Israel na Cisjordânia.

A Jordânia condenou a invasão da polícia israelense ao complexo como “uma violação flagrante”. A família governante hachemita da Jordânia é a guardiã dos locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental. Israel reconheceu o papel hachemita como guardião de Al-Aqsa como parte do tratado de paz de 1994 dos dois países e mantém o controle geral de segurança sobre o local.

No ano passado, confrontos noturnos entre palestinos e policiais israelenses durante o mês do Ramadã, que levaram a batidas policiais em Al-Aqsa e ajudaram a desencadear uma guerra de 11 dias que matou mais de 250 palestinos em Gaza e 13 pessoas em Israel.

— Com informações de agências internacionais