Mais de 400 pessoas estão desaparecidas em cidade da Ucrânia
Cidade perto de Kiev foi libertada recentemente
Mais de 400 pessoas estão desaparecidas em Gostomel, uma das cidades que enfrentaram o peso da ofensiva russa contra a capital da Ucrânia, Kiev, durante o primeiro mês de guerra.
O número foi confirmado pelo chefe da administração local, Taras Dumenko, em entrevista à ANSA. "Desde 28 de fevereiro, após os primeiros dias da ocupação militar russa em Gostomel, começamos a coletar as listas de pessoas desaparecidas", disse o funcionário, que substitui o prefeito Yuri Prylypko, morto em um ataque russo no início de março.
"Até agora, contamos mais de 400 [desaparecidos]. São moradores com os quais não conseguimos estabelecer nenhum contato. Entre eles, há pelo menos 15 crianças. Outros 15 civis, de acordo com fontes investigativas, foram sequestrados", acrescentou Dumenko.
Gostomel fica nos arredores de Kiev e, assim como outras localidades vizinhas, como Borodyanka, Bucha e Irpin, foi libertada no fim de março, após a Rússia ter decidido reorganizar suas tropas para reforçar os frontes oriental e ocidental.
De acordo com as autoridades ucranianas, foram encontrados nessas cidades corpos de civis largados nas ruas, cadáveres com sinais de tortura e valas comuns com dezenas de mortos.
"Eu vi três carros de civis que tentavam evacuar em direção a Kiev e foram brutalmente assassinados a tiros. Havia também uma mulher grávida cujo marido gritava para não dispararem, mas eles dispararam e a mataram brutalmente", contou o prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, à BBC. Segundo ele, as tropas russas mataram pelo menos 320 civis durante a ocupação na cidade.
Já o site de jornalismo investigativo Bellingcat divulgou um vídeo gravado por um drone militar ucraniano no fim de fevereiro e que mostra um ciclista sendo morto por tiros disparados de um blindado russo. O crime ocorreu em um cruzamento da rua onde as autoridades ucranianas dizem ter encontrado diversos corpos jogados.
Além disso, 25 garotas entre 14 e 24 anos alegam ter sido estupradas por militares russos em Bucha. Em visita à cidade, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, disse que estão sob investigação pelo menos 5 mil crimes de guerra atribuídos à Rússia, que nega todas as denúncias e acusa Kiev e o Ocidente de manipular as informações.
"Essa encenação monstruosa precisa de uma investigação objetiva e independente", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira.
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