Putin diz que 'milicianos nacionalistas' devem se render em Mariupol
Em conversa com Macron, líder russo afirmou que 'não há condições' para envio de missão humanitária à região
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que "não há condições" para uma operação humanitária para a cidade de Mariupol, alvo de intensos ataques desde o início da invasão militar à Ucrânia, e exigiu que as forças ucranianas que lutam na cidade baixem as armas imediatamente.
Em conversa telefônica com o presidente francês, Emmanuel Macron, Putin falou sobre a conclusão de mais uma rodada de negociações entre russos e ucranianos, realizada em Istambul e que mostrou alguns dos pontos que poderão estar presentes em um eventual acordo de paz.
De acordo com o Kremlin, a Rússia vem fornecendo "medidas de assistência humanitária urgente" à população civil que ainda não conseguiu deixar Mariupol, e atua para permitir a criação de corredores de saída para áreas mais seguras. Contudo, na visão dos dois líderes, ainda não há condições para o estabelecimento de uma missão à região.
"Foi enfatizado que, para resolver a difícil situação humanitária nesta cidade, os militantes nacionalistas ucranianos devem parar a resistência e depor as armas", diz o comunicado emitido pelo Kremlin, em uma referência ao Batalhão Azov, milícia de extrema direita incorporada à Guarda Nacional ucraniana e que lidera a defesa da cidade no litoral do Mar de Azov, contíguo ao Mar Negro, contra os russos.
O site Liveuamap, que concentra informações sobre a ofensiva militar na Ucrânia, mostra que apenas distritos centrais de Mariupol seguem sob controle de forças ucranianas — o mapa da situação no front aponta que áreas como o aeroporto internacional já estão sob poder dos russos, mas o porto, que sofreu grandes estragos, ainda está sendo disputado.
Na sexta-feira, Macron anunciou sua intenção de realizar uma operação internacional para ajudar na retirada de civis da cidade, com o apoio de Grécia e Turquia — os três países integram a Otan — mas o plano dependia de conversas com os líderes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin.
— Eu penso especialmente nos residentes de Mariupol, que estão vivendo um grande drama — afirmou Macron, na sexta-feira, após uma reunião do Conselho Europeu. — É uma cidade que tem mais de 400 mil habitantes, mas que hoje tem apenas 150 mil pessoas vivendo situações dramáticas.
Segundo o Palácio do Eliseu, Putin, apesar de não ver condições para tal iniciativa no atual momento, prometeu "refletir" antes de dar uma resposta definitiva. Durante o telefonema, o líder russo mencionou as negociações em Istambul, que trouxeram elementos como uma abdicação dos planos ucranianos para se juntar à Otan e a aceitação do status de neutralidade, além da promessa russa de reduzir "drasticamente" os ataques contra Kiev e Chernihiv, no Norte da Turquia. O comunicado do Kremlin não trouxe opiniões de Putin sobre o que foi discutido na Turquia, e o Palácio do Eliseu afirmou que "por enquanto, a guerra continua" que "as expectativas seguem as mesmas", se referindo a um cessar-fogo amplo.
Por fim, Putin abordou a decisão de exigir que os países europeus paguem em rublos pelo gás fornecido pela Rússia, uma medida que deve entrar em vigor já na próxima quinta-feira. Até o momento, Moscou afirmou que fará arranjos práticos para que as transferências sejam realizadas, mas na conversa desta terça-feira Macron disse que isso será "impossível".
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