Zelensky pede a Alemanha que derrube novo 'muro' que a Rússia levanta
Em discurso, presidente ucraniano também lamentou estreitas relações entre Alemanha e Rússia, especialmente no campo energético
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à Alemanha, nesta quinta-feira, que derrube o novo "muro" que está sendo erguido na Europa contra a liberdade desde a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, uma comparação com o Muro de Berlim, construído pela Alemanha Oriental durante a Guerra Fria.
Em um discurso exibido na Câmara Baixa do Parlamento alemão, o presidente também lamentou as estreitas relações estabelecidas entre Alemanha e Rússia nos últimos anos, especialmente no campo energético, e citou o gasoduto Nord Stream 2, cuja entrada em operação foi suspensa por Berlim após a invasão.
"Não é um muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão, e este muro fica maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia", disse Zelensky. "Querido sr. chanceler [Olaf] Scholz, derrube este muro. Dê à Alemanha o papel de liderança que merece".
A Ucrânia se opôs desde o início à construção do polêmico gasoduto, que abriria uma nova linha de fornecimento de gás da Rússia para o continente através da costa alemã no Mar Báltico. A Alemanha quer prescindir do petróleo russo até o final do ano, mas parece mais complicado para o país abandonar as importações procedentes da Rússia.
"Caro povo alemão: como é possível que, quando dissemos que o Nord Stream 2 era uma forma de preparar a guerra, ouvíssemos em resposta que 'era puramente econômico'?", questionou. "Esse projetos foram a base do novo muro".
Em seu discurso, Zelensky também mencionou as mortes de 108 crianças na Ucrânia desde o iníco da ofensiva e pediu:
"Um povo está sendo destruído na Europa. Nos ajudem a parar esta guerra".
Os legisladores do Bundestag receberam Zelenskiy com uma ovação de pé. A vice-presidente da câmara, Katrin Goering-Eckardt, disse que a Ucrânia "escolheu a democracia".
"É isso que (o presidente russo) Vladimir Putin teme. Ele está tentando negar o direito da Ucrânia de existir, mas já falhou nesse sentido".
Um dia antes, o presidente da Ucrânia comparou a situação de seu país com os atentados do 11 de Setembro, em discurso por videoconferência ao Congresso dos Estados Unidos, e voltou a pedir mais ajuda das potências ocidentais.
O mandatário tem feito discursos aos parlamentos de diversos países ocidentais para tentar aumentar a pressão por suporte militar. A Otan, no entanto, teme que um envolvimento maior de seus membros no conflito cause uma escalada militar potencialmente catastrófica para todo o mundo.