Kiev, capital da Ucrânia, é alvo de ataques; base militar é atingida
Mais cedo, o presidente Volodymyr Zelensky disse que o exército russo preparava ofensiva e fez apelo à população: "Não podemos perder a capital"
Explosões foram vistas e ouvidas em partes da capital da Ucrânia , Kiev , depois de dois dias de combates pesados e detonações nos arredores da cidade enquanto forças russas avançam pela cidade. As informações sobre os confrontos surgiram no fim da noite de sexta-feira no Brasil, horas depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmar que o Exército russo preparava uma ofensiva final para tomar Kiev durante a madrugada , fazendo o apelo: "Não podemos perder a capital".
Segundo o jornal Washington Post, o governo americano ofereceu ajuda para retirar Zelensky de Kiev, mas por enquanto ele rejeitou a oferta.
Na madrugada deste sábado, há vários relatos de confrontos no Leste, Oeste e Sul da capital. Vídeos de testemunhas mostram explosões no Noroeste de Kiev que, segundo a CNN, é área de uma base militar.
A agência ucraniana Interfax informou que forças russas tentaram atacar uma estação de geração de energia, enquanto o Exército ucraniano afirmou que repeliu um ataque a uma base, de acordo com a Reuters. Ainda não está claro se é na mesma região mencionada pela CNN.
No Facebook, as forças ucranianas afirmaram ter repelido um investida noturno de tropas russas a uma de suas posições na Avenida da Vitória, uma das principais artérias de Kiev.
"O ataque foi repelido", afirmou o Exército ucraniano, sem dar mais detalhes sobre o local exato dos combates.
Em seu pronunciamento, divulgado em um vídeo no site da Presidência do país, Zelensky alertou que "esta noite vai ser muito difícil" e que "o destino da Ucrânia está sendo decidido agora".
"Nesta noite, o inimigo vai usar todos os meios disponíveis para quebrar nossa resistência", disse. "A noite será mais difícil que o dia. Muitas cidades de nosso país estão sob ataque: Chernihiv, Sumy, Kharkiv, nossos garotos e garotas em Donbass (Leste da Ucrânia), as cidades no Sul, atenço especial a Kiev: não podemos perder a capital."
Na véspera, Zelesnky divulgou um vídeo gravado nas ruas de Kiev, para provar que continuava vivo e não havia fugido de Kiev. "Estamos aqui. Estamos em Kiev. Estamos defendendo a Ucrânia", afirmou ele.
Na sexta-feira, as tropas invasoras lançadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, chegaram a um bairro ao norte de Kiev, mas logo pareceram perder forças.
Posteriormente, combates foram registrados em Vasilkov, cerca de 30 km ao sul da capital. No local, as tropas ucranianas abateram um avião de transporte Il-76, travando "combates violentos" contra os russos que "tentam descarregar tropas pelo ar", disse o Ministério da Defesa neste sábado, relatando também a destruição de um helicóptero e um caça no Leste do país.
A ofensiva russa provocou a fuga ate agora de mais de 50 mil ucranianos do país, e deslocou internamente 100 mil pessoas, informou a ONU na sexta-feira.
O Ministério da Defesa ucraniano conclamou a população a resistir.
Strikes on a military unit in #Kyiv near Bereisteyskaya metro pic.twitter.com/JaW9feERoy
"Pedimos aos cidadãos que nos informem dos movimentos de tropas, que fabriquem coquetéis Molotov e neutralizem o inimigo", pediu em comunicado.
Civis alistados nas brigadas de "defesa do território", identificados com braçadeiras amarelas, são onipresentes em toda a capital. "Nunca tinha pegado em armas até hoje. Vamos tentar fazer o melhor que pudermos", disse Roman Bondertsev à AFP. "Se me matarem, haverá outras duas pessoas prontas para tomar o meu lugar", acrescentou.
Pressão econômica e diplomática
Na sexta-feira, os países ocidentais tentarão aumentar a pressão sobre a Rússia com anúncio de novas sanções a entidades, empresas e autoridades russas, entre elas Putin e o chanceler Sergei Lavrov.
No Conselho de Segurança da ONU, a Rússia vetou uma resolução promovida pelos EUA e pela Albânia para deplorar a "agressão" contra a Ucrânia. Na votação, Brasil adotou um tom mais duro e apoiou a resolução contra Moscou.
Mais cedo, Putin disse estar disposto a enviar uma delegação a Minsk, capital da Bielorrússia, para negociar com a Ucrânia
. O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, descreveu a proposta como uma "diplomacia realizada sob a mira de armas, quando bombas, morteiros e artilharia de Moscou atingem civis ucranianos".
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