Itália: imunologista ganha escolta policial após ameaças de antivacina
A imunologista recebeu uma carta com projéteis de arma em seu escritório em Pádua e pediu proteção às autoridades
A diretora do Instituto de Pesquisa Pediátrica do Città della Speranza, em Pádua, na Itália, Antonella Viola, passou a receber escolta policial nesta quinta-feira (6) após receber ameaças por defender a vacinação de crianças contra a Covid-19.
A imunologista recebeu uma carta com projéteis de arma em seu escritório em Pádua e pediu proteção às autoridades.
Segundo o jornal "Corriere della Sera", o texto era assinado por um grupo antivacina e dizia que se Viola continuasse a dar entrevistas defendendo a imunização das crianças de 5 a 11 anos "ficaremos felizes em atingir você e sua família".
"Fique tranquila, não vai morrer ninguém, mas duas balas de calibre 22 na barriga e no joelho não matam, só fazem um grande mal. Não vamos dar novos comunicados", dizia o texto.
Em entrevista ao "La Stampa", Viola afirmou que não vai se intimidar e que "se encontrasse quem escreveu aquela carta diria que não pode dizer que as crianças não devem ser vacinadas".
"Seria como se eu quisesse o mal delas, quisesse colocar as vidas delas em risco e isso para mim é inaceitável. Os casos das crianças nos hospitais estão aumentando e alguns até acabam indo para a terapia intensiva", acrescentou.
Após as revelações da mídia local, o governador da região da Ligúria, Giovanni Toti, afirmou que a "violência nunca é aceitável" e o fato de que seja cometida contra "tantas pessoas que trabalham todos os dias, há mais de dois anos, pela saúde pública, é ainda mais triste e mais lamentável".
"Toda a minha solidariedade à professora Viola, vítima de inaceitáveis ameaças. É absurdo que uma cientista, empenhada na luta contra a Covid desde o início da pandemia, seja objeto de ataques do tipo. Por outro lado, já está claro que os antivacina não aceitam as evidências da ciência e, em alguns casos, até rejeitam os tratamentos hospitalares que poderiam salvar a vida deles", destacou ainda Toti.
Quem também se manifestou por meio das redes sociais foi a Federação Nacional das Ordens dos Médicos da Itália (Fnomceo), que prestou "solidariedade" à imunologista. "Não se pode curvar com ameaças de matriz ideológica e modalidades que lembram os nossos anos mais escuros a voz firme de quem testemunha com evidências científicas", disse ainda.
A Itália autorizou a imunização de crianças de 5 a 11 anos com a vacina da Pfizer/BioNTech, em fórmula reduzida, no dia 16 de dezembro do ano passado. Até o momento, mais de 400 mil já receberam a primeira dose, o que corresponde a cerca de 10% do público-alvo.