Quem é Xiomara Castro, primeira mulher eleita presidente de Honduras
Esposa de presidente deposto em 2009 após golpe de estado, Xiomara devolve poder à esquerda no país após 12 anos
Pela primeira vez na história, Honduras terá uma mulher comandando o país. Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre), teve sua vitória reconhecida nesta terça-feira (30) pelo candidato governista e atual chefe do Executivo, Nasry Asfura. A vitória de Castro representa a volta da esquerda ao poder após 12 anos de governo conservador.
Xiomara é casada com Manuel Zelaya, ex-presidente do país, destituído e preso em 2009 sob acusação de ter descumprido a Constituição do país ao supostamente articular manobras para tentar concorrer à reeleição. O golpe teve o apoio da direita e contou com participação das Forças Armadas hondurenhas.
A vitória da representante da esquerda foi marcada por dias de incerteza devido à demora na contagem de votos. Nesta terça-feira (30), porém, Nasry parabenizou a oponente pela vitória.
"Nasry Asfura Zablah, candidato do PN, aceita a vontade do povo, reconhece a vitória do Libre em coalizão e meu triunfo como presidente eleita de HN (Honduras). Obrigada!" disse Castro em sua conta no Twitter. Nasry Asfura Zablah, Candidato del PN, acepta la voluntad del pueblo, reconoce la victoria de Libre en alianza, y mi triunfo como Presidenta electa de HN. ¡Gracias!
¡Pueblo, no te voy a fallar! Con mis promesas retornaremos al orden democrático. pic.twitter.com/CN66kTcI5T
"Não vou decepcionar vocês! Com minhas promessas vamos voltar à ordem democrática", acrescentou a presidente eleita.
O que defende a primeira mulher a presidir Honduras
Castro defendeu durante toda a sua campanha que o socialismo democrático seja a "solução" para os problemas do país, que, segundo ela, foram causados pelo neoliberalismo e por um "narcoditador".
Apesar do discurso combativo, ela prometeu formar um governo de "reconciliação, paz e justiça".
"Vamos iniciar um processo para garantir uma democracia participativa, uma democracia direta."
Castro se opõe significativamente a pautas defendidas por Nasry Asfura. Ela é favorável ao aborto — dentro de determinadas condições — e defende uma relação mais estreita com a China — o que significa uma mudança importante nas relações internacionais de Honduras, uma vez que o país tradicionalmente é parceiro comercial dos Estados Unidos.
No domingo, já falando como vitoriosa, Castro vestiu vermelho e encerrou seu discurso com uma das frases mais célebres da Revolução Cubana: 'Hasta la victoria, siempre' [Em português, 'até a vitória, sempre']