VÍDEO: Polícia norte-americana divulga imagens de brasileiro baleado em Chicago
Câmeras de segurança flagraram ação de suspeitos que atingiu estudante João Pedro Marchezani, de 23 anos, que segue internado
Vídeos de câmeras de segurança divulgados pela polícia norte-americana mostram o momento em que um homem atira contra o carro em que estava o estudante de robótica João Pedro Marchezani, de 23 anos, baleado na cabeça em Chicago há pouco mais de um mês. As imagens capturaram o instante em que um dos suspeitos desce da garupa de uma moto e efetua oito disparos, além de flagarem a dupla envolvida no crime circulando pela cidade.
Nas gravações, é possível ver que, às 23h54 do dia 4 de setembro, dois homens em uma moto saem de um beco em Chicago. O carona então desce na Avenida North Lawndale, anda uns metros e dispara contra um veículo, onde João Pedro estava com a namorada e mais três amigos. A ação dura menos de 10 segundos, e o criminoso foge na sequência.O jovem brasileiro, que estava no banco traseiro, foi o único atingido.
O homem que dirigia a moto foi visto andando sozinho por um beco pouco após o crime, já na madrugada do dia 5. Cerca de uma hora depois ele volta ao local na moto com o comparsa na garupa. Uma câmera de segurança de outra rua exibe o rapaz que efetuou os disparos, vestido com um conjunto laranja e de capuz, adentrando uma porta da qual ele sai cerca de um minuto depois. O suspeito parecia preocupado.
Na ocasião, os policiais já haviam sido avisados que uma gangue local apostava corridas ilegais e promovia tumultos pelo bairro nobre de Logan Square. Os investigadores relataram à família do estudante que trabalham com duas hipóteses: a de tentativa de roubo de carro ou crime de trânsito, supostamente motivado pelo fato de o amigo João Pedro que dirigia o carro, assustado, ter fechado a moto onde estaria um integrante da gangue.
Questionado pelo Globo, o detetive responsável pelo caso disse apenas que o crime "está em investigação". Ele alegou que não poderia responder outras perguntas. A polícia busca informações para identificar os suspeitos.
Perseguição e oito tiros
Naquele 4 de setembro, João Pedro e a namorada foram às compras para o apartamento que haviam acabado de alugar em Chicago. Um casal de amigos, que também se mudara recentemente, os acompanhou. Após passarem a tarde juntos, resolveram sair à noite para celebrar. Primeiro, se reuniram na casa do casal, de onde partiram no mesmo carro, em um grupo de cinco pessoas, para um bar.
A caminho do local, o rapaz que dirigia percebeu que uma moto os seguia. Viu também que o condutor estava armado. A reação foi desviar para despistá-lo. Ali começava uma fuga pelo bairro, até que se depararam com uma dupla em outra moto. Durante a perseguição, o carona disparou oito vezes contra o veículo. Um dos tiros atingiu João Pedro, que imediatamente caiu no colo de sua namorada.
O estudante chegou ao hospital acordado e ciente do que havia acontecido, mas não sentia o lado esquerdo. Ele foi então intubado e levado para a UTI com uma proteção no pescoço. A família foi comunicada na sequência sobre o ocorrido e correu para a unidade.
Os pais de João Pedro autorizaram a implantação de um dreno no cérebro, que não foi suficiente. O estudante precisou ser submetido a uma cirurgia na qual os médicos cortaram parte do osso de sua cabeça para evitar a compressão. Um monitor cerebral e um medidor de pressão arterial foram instalados. E o jovem, colocado em coma induzido.
O brasileiro ainda desenvolveu uma pneumonia durante a internação. Precisou colocar um cateter que espalhasse a medicação de forma mais rápida. Fora da UTI há quase duas semanas, João Pedro começa a dar pequenos sinais de evolução, embora os médicos preguem cautela.
Na semana passada, o estudante voltou a falar. Sem conversar e enxergar desde o crime, além de ter o lado esquerdo paralisado, João Pedro começou aos poucos a recobrar a fala e a visão. Aos seus olhos, as imagens ainda são bem turvas, difíceis de identificar. Para se comunicar, já pronuncia devagar as palavras, apesar do cansaço. Até então, dependia que sua família e os profissionais do hospital fizessem leitura labial.