ONU acusa Talibã de matar 4 manifestantes no Afeganistão e pede fim da violência
Relatório condena o grupo fundamentalista pela “crescente repressão”, com o uso de armas de fogo, cassetetes e chicotes contra manifestantes
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse, nesta sexta-feira (10), que ao menos quatro pessoas foram mortas na violenta repressão do Talibã a uma manifestação pacífica em Cabul desde a tomada do poder, em 15 de agosto. O relatório da ONU ainda condena o grupo fundamentalista.
O relatório da ONU ainda condena o grupo fundamentalista islâmico pela “crescente repressão”, com o uso de armas de fogo, cassetetes e chicotes contra os manifestantes.
“Pedimos o fim imediato da violência contra os cidadãos que expressam seu direito de protestar pacificamente e contra jornalistas que cobrem essas manifestações”, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.
Protestos e manifestações, muitas vezes liderados por mulheres, representam um desafio para o novo governo do Talibã, que tenta consolidar seu controle desde que assumiu o poder do Afeganistão.
Nos últimos dias, mobilizações, formadas majoritariamente por mulheres, pedem respeito aos direitos humanos e liberdade de movimentação. No primeiro governo talibã, entre 1996 e 2001, elas foram impedidas de estudar, trabalhar e até sair de casa sem a companhia de um homem. Agora, existe o temor de que o grupo volte a impor essas regras.
No entanto, em um decreto emitido pelo Ministério da Justiça, os rebeldes determinam que todos os protestos devem ser solicitados “com 24 horas de antecedência”.
“Qualquer uso da força deve ser um último recurso em resposta às manifestações e deve ser estritamente necessário e proporcional”, disse a porta-voz da ONU. “As armas de fogo nunca devem ser usadas caso não seja em resposta a uma ameaça mortal iminente”.
Shamdasani ainda pediu que o novo governo do Afeganistão respeite o direito humanitário internacional, principalmente porque o Talibã é acusado de agredir e prender jornalistas.