Europeus admitem que nem todos serão evacuados do Afeganistão
Alemanha diz que há negociações para tentar ampliar prazo
Ministros de Alemanha, Reino Unido e Espanha admitiram nesta terça-feira (24) que nem todos os civis que colaboraram com os ocidentais durante o período de ocupação no Afeganistão conseguirão ser evacuados em tempo hábil.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, afirmou à "Bild TV" que "mesmo que a evacuação siga até 31 de agosto ou alguns dias a mais, não será o suficiente para evacuar quem nós, ou os Estados Unidos, querem retirar de lá.
Segundo o ministro, o governo está em contato "com 100 cidadãos alemães e com suas famílias e estamos buscando levá-los ao aeroporto de maneira razoavelmente segura. Depois, nós os distribuiremos em um dos nossos aviões".
Maas, porém, ressaltou que mesmo que não dê tempo de retirar todos até o prazo final do acordo entre Estados Unidos e Talibã, será preciso negociar para continuar a evacuar pessoas.
"Trabalharemos para que ao fim da evacuação militar não seja o fim da possibilidade de levar pessoas para fora do Afeganistão. Por mais amargo que possa ser, precisaremos conversar com os talibãs. A alternativa seria deixar que as pessoas sobrevivam sozinhas e isso não vamos fazer", acrescentou.
Dados oficiais do Ministério da Defesa da Alemanha informam que o país já evacuou 3.650 pessoas de Cabul e que, nesta segunda-feira (23), 944 foram retiradas do território.
Quem também falou sobre o assunto foi o ministro da Defesa, Ben Wallace, que, em entrevista à "BBC", reforçou que "nem todos os afegãos" que querem fugir dos talibãs, conseguirão. O representante informou que os aliados evacuaram cerca de 48 mil afegãos, além de seus funcionários e militares, mas disse "nem todos" que estão nas listas prioritárias serão retirados.
Porém, se o ministro alemão fala em negociação para conseguir retirar pessoas além de 31 de agosto, Wallace acredita que isso seja "improvável".
A ministra de Defesa da Espanha, Margarita Robles, deu entrevista à rádio "Cadena Ser" e ressaltou que mesmo com os esforços para evacuar "o máximo de pessoas possíveis", haverá "algumas pessoas que ficarão lá por conta da situação verdadeiramente dramática".
"Os talibãs estão se tornando cada vez mais agressivos e há uma situação de violência cada vez mais evidente. Estamos fazendo o máximo possível, mas há pessoas que ficarão lá por motivos que não dependem de nós", acrescentou Robles.
A evacuação caótica em Cabul após a tomada de poder do Talibã, ocorrida de maneira formal no dia 15 de agosto, é alvo de críticas de todos os lados. O aeroporto da capital já registrou incidentes com a morte de mais de 10 pessoas desesperadas para fugir do país. Alguns afegãos, inclusive, chegaram a se agarrar aos trens de pouso das aeronaves militares norte-americanas para tentar fugir.
No entanto, os talibãs informaram que não haverá prorrogação do prazo de retirada e há muitas incertezas sobre o que será daqueles civis que colaboraram com os aliados ocidentais após 31 de agosto.