Protesto contra medidas de controle à Covid-19 tem confronto em Paris; assista
Manifestantes criticam proposta de passe sanitário, anunciada pelo governo e que deve ser votada neste final de semana
Manifestantes entraram em confronto com a polícia em Paris durante protesto contra novas medidas do governo francês para controlar o avanço de casos de Covid-19, em especial a expansão da obrigatoriedade do passe sanitário a pessoas vacinadas ou com testes negativos da doença, e que será exigido em locais como museus, aviões e restaurantes.
Além da capital francesa, os atos ocorreram em 168 cidades e levaram 160 mil pessoas às ruas, de acordo com o Ministério do Interior. Eles contaram com a participação de lideranças ultranacionalistas, como Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional (extrema direita), sigla de Marine Le Pen, e dos “coletes amarelos”, que ganharam notoriedade em atos contra o governo de Emmanuel Macron desde 2018.
🇫🇷⚡Paris police used tear gas to disperse mass protests against the introduction of sanitary passes in France. pic.twitter.com/6Wa02GKoEO
— 🎗 Segarra “l’overo”🎗🎗 (@jejesegarrajeje) July 25, 2021
Em Paris, o protesto reuniu cerca de 11 mil pessoas — menos do que o ato da semana passada. Os manifestantes traziam cartazes chamando as medidas defendidas por Macron de afronta à liberdade individual e as comparando a um regime de apartheid. Em discurso, Philippot chamou o presidente francês de “tirano”.
Ao final do protesto, houve confronto com a polícia em vários pontos da capital francesa — balas de borracha e bombas de gás foram usados em alguns casos extremos, como na estação Saint-Lazare e nos arredores da avenida Champs Elysées. Não foram informados números sobre prisões ou feridos.
Há cerca de duas semanas, o presidente Emmanuel Macron anunciou um novo pacote de medidas para tentar impulsionar a vacinação contra a Covid-19 e conter o avanço da variante Delta, hoje responsável pela maior parte das infecções no país. Neste sábado, foram confirmadas 22 mortes e 25.624 novos casos — no começo do mês, o número estava perto de dois mil casos diários.
Thread with world wide freedom protests
— Wide Awake in Switzerland (@timetowakeupsw1) July 24, 2021
Over 100 protests have been announced worldwide for July 24th 2021
Part 25
Huge crowds in
PARIS, FRANCE pic.twitter.com/YZPEiiy7gy
Entre as ações, está a obrigatoriedade da vacinação de profissionais do setor da saúde, que prevê a suspensão do pagamento a quem não se imunizar até meados de setembro, e a mais incisiva delas, a expansão do passe sanitário, que será exigido em museus, restaurantes, trens e aviões. O documento é fornecido a todos que completarem o ciclo vacinal com uma das imunizações disponíveis na França ou a quem apresentar um teste negativo de PCR, que agora será cobrado nos hospitais e clínicas públicas francesas.
Large protest in #Paris today #lockdown #lockdownprotest #protest #auspol pic.twitter.com/4yE4nhsTGu
— James Duncan (@duncan_james66) July 24, 2021
Até o momento, 58% da população apta a se vacinar receberam pelo menos uma dose e 48% estão completamente imunizados.
As propostas, que são aprovadas por 58% dos franceses, estão sendo analisadas pela Assembleia Nacional e devem ser aprovadas até o final do domingo, de acordo com a imprensa francesa.
Em entrevista à revista Le Parisien, o ministro da Saúde, Olivier Véran, defendeu as medidas, e sugeriu que vai abandoná-las quando nove em cada dez franceses estiverem completamente vacinadas, e quando o número de casos chegar a 300 diários, “ao invés de 20 mil”. Na sexta-feira, diante do Senado, afirmou que o país deve enfrentar um forte impacto da Covid-19 nos hospitais até o fim de agosto — mais uma razão, segundo ele, para apertar as restrições.