EUA: Congresso criará comissão independente para investigar invasão do Capitólio

Presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, também prometeu aumento do investimento em segurança

Foto: John Minchillo/Reprodução
EUA: Congresso criará comissão independente para investigar invasão do Capitólio










A presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, anunciou nesta segunda-feira que o Congresso vai criar uma comissão independente, semelhante à criada para apurar os ataques do 11 de Setembro, para investigar a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro. De acordo com Pelosi, a comissão vai “investigar e relatar os fatos e causas relacionados ao ataque de terrorismo doméstico” (...) e a “interferência na transição pacífica de poder”.

A Câmara também irá deliberar sobre o aumento do investimento em segurança no Capitólio, anunciou Pelosi em uma carta aos seus colegas democratas. Ela prometeu avançar nas próximas semanas com uma legislação de financiamento de emergência “para a segurança dos membros e a segurança do Capitólio” após consultar o general aposentado Russel L. Honoré.

“A segurança está na ordem do dia: a segurança de nosso país, a segurança de nosso Capitólio, que é o templo de nossa democracia, e a segurança de nossos membros”, escreveu Pelosi na carta.

A criação de uma comissão independente semelhante à criada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 está se tornando consensual entre democratas e republicanos, depois da absolvição do ex-presidente Donald Trump em seu segundo processo de impeachment. Para alguns congressitas, a comissão bipartidária é a última grande oportunidade de responsabilizar Trump.

A Comissão do 11 de setembro conduziu uma investigação de 20 meses depois que o então presidente George W. Bush assinou uma lei exigindo que o painel investigasse o que causou os ataques. A comissão acabou oferecendo recomendações que levaram à reformulação da supervisão do Congresso sobre ações militares no exterior e da coordenação de Inteligência.

"Há ainda mais evidências de que o povo americano precisa e merece ouvir", disse o senador Chris Coons, democrata de Delaware, no final de semana no programa “This Week” da ABC. "Uma comissão mostraria o quão responsável Trump foi pelo ataque".

Trump foi absolvido no sábado e, apesar de os funcionários do Departamento de Justiça que conduzem o inquérito sobre a invasão terem informado não planejarem fazer dele o foco principal da investigação, as provas que estão reunindo podem tornar mais claro seu papel no ataque. E, em médio e longo prazos, podem prejudicar sua imagem e seus possíveis planos de concorrer de novo à Presidência em 2024.

Durante o julgamento, a defesa de Trump alegou que as afirmações do presidente, tanto em suas falsas denúncias de fraude como em seu discurso logo antes da invasão, não incitaram o ataque contra a ordem democrática e são protegidas pela Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão.