Trump volta a apontar fraude na Pensilvânia e é bloqueado novamente pelo Twitter
Até o momento, não há quaisquer evidências de irregularidades nas eleições americanas, apesar da insistência do presidente
Por Agência O Globo |
O presidente Donald Trump voltou a alegar falsamente na manhã deste sábado (7) que há fraudes no sistema eleitoral americano , que permitiram uma mudança do panorama da corrida. Os tuítes de Trump coincidem com a grande possibilidade de vitória de Joe Biden nas próximas horas, conforme o democrata aumenta sua vantagem no estado-chave da Pensilvânia.
É neste estado da Costa Leste, o provável fiel da balança, que Trump mira seus esforços, seja retórica ou legalmente. Não ha quaisquer indícios de irregularidades em nenhum dos 50 estados americanos, mas a campanha republicana deu início a uma série de ações judiciais para tentar limitar a contagem de votos onde a vantagem democrata é pequena.
People were screaming STOP THE COUNT & WE DEMAND TRANSPARENCY (As Legal Observers were refused admittance to count rooms)! https://t.co/CW1tivI45c
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 7, 2020
"Dezenas de milhares de votos foram ilegalmente recebidos após as 20 horas de terça-feira, data da eleição, mudando total e facilmente o resultado na Pensilvânia e em outros estados onde a disputa é acirrada", mentiu o presidente .
Pela lei estadual da Pensilvânia , votos por correio enviados dentro do prazo poderiam ser recebidos por três dias após a eleição, entre quarta e sexta-feira. Diante da pandemia de Covid-19, um número recorde de 65 milhões de eleitores optaram pela modalidade. A data limite para sua entrega foi prorrogada justamente para evitar que atrasos no serviço postal impedissem que votos legais não fossem aferidos por falhas dos correios.
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Trump também mentiu sobre a transparência do processo, alegando que observadores republicanos não puderam acompanhar a aferição. Uma decisão da Justiça da Pensilvânia, no entanto, determinou que integrantes do partido pudessem estar presentes para o processo e, segundo o tribunal, a ordem vem sendo cumprida.
"Centenas de milhares de votos , ilegalmente, não tiveram sua observação permitida. Isto também mudaria o resultado da eleição em milhares de estados, incluindo na Pensilvânia, que todos achavam que teríamos uma vitória fácil na noite da eleição, apenas para ver nossa grande vantagem desaparecer sem que ninguém pudesse ver o que estava acontecendo por longos intervalos de tempo", disse o presidente.
Segundo autoridades da Pensilvânia, os votos nesta categoria estão na casa dos milhares, e não das dezenas de milhares, e provavelmente não farão quaisquer diferenças no resultado final. Com 96% dos votos apurados, Biden lidera com 49,6% dos votos, contra 49,1% de Trump. A vantagem do ex-vice-presidente, que ultrapassou Trump na manhã de sexta-feira, não para de crescer e deve continuar a se expandir, já que parte dos votos restantes são postais ou originários de redutos eleitorais democratas.
"Coisas ruins aconteceram nestas horas em que a transparência legal, cruel e maliciosamente, não foi permitida. Tratores bloquearam as portas e janelas foram cobertas com papelões para que os observadores não pudessem ver as salas de contagem. Coisas ruins aconteceram lá dentro. Grandes mudanças aconteceram", alegou falsamente.
A razão pela qual Trump começou a apuração na frente também e evidente e já era esperada. Votos postais, cuja adesão é maciça entre democratas, levam mais tempo para serem computados que os presenciais, com maior participação republicana. Logo, as primeiras parciais mostravam o presidente ilusoriamente na frente, em uma "miragem vermelha".