Trump x Biden: debate "muito ruim" prejudica o eleitor, diz especialista

Cientista político analisa o debate entre Donald Trump e Joe Biden, avalia que o eleitor saiu prejudicado por não ter "instrumento" para conhecer as ideias dos candidatos e diz que as expectativas para os próximos debates são as piores possíveis

Foto: Reprodução de vídeo do YouTube
Trump e Biden ficaram frente a frente em debate realizado na última terça-feira (29).

Faltando um mês para a eleição presidencial dos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden se enfrentaram no primeiro debate eleitoral de 2020. O evento aconteceu na última terça-feira (29) e foi mediado por Chris Wallace, âncora da Fox News. Debate  que não ficou marcado pela troca de ideias, mas pelo clima hostil entre os candidatos.

A tensão entre Trump e Biden impediu que fossem discutidas ideias para os EUA. O republicano não deixava o democrata falar, interrompendo-o repetidamente ao longo de suas falas. Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, avaliou o debate como “muito ruim” para todos que acreditam que a “democracia seja fundada em uma troca de ideias”, classificando a conversa entre os candidatos como algo “próximo de uma baixaria política”.

“Os dois candidatos não estavam muito dispostos a realizar um debate democrático de ideias, mas sim em atacar e contra-atacar um ao outro”, analisa Consentino, que complementa dizendo que as pesquisas norte-americanas mostram que Biden se saiu melhor no debate. Entretanto, o cientista político pontua: “Teve um perdedor: o eleitor norte-americano que não teve um instrumento importante à disposição para verificar propostas”.

Influência do debate

O cientista pontua que, mesmo tendo sido tenso, o debate não deverá ter grande influência sobre o resultado das eleições, uma vez que a muitos eleitores já estão decididos sobre seus votos. “Poucos eleitores nesse momento ainda se encontram indecisos”, diz Consentino, que continua:

“Há alguma importância mais pela repercussão do que pelo debate em si para influenciar os eleitores indecisos, mas não é uma influência cabal que vá mudar o rumo das eleições”.

Temperamento dos candidatos

Ao comentar o temperamento dos candidatos à presidência, Consentino pontua que, apesar de ambos terem adotado uma postura agressiva, “quem iniciava as agressões era o atual presidente Donald Trump ”. Ele também diz que Biden se resguardava e contra-atacava quando era provocado.

“Ficou claro e evidente que o comportamento dele (Biden) é mais moderado do que o do atual presidente Donald Trump”, argumenta Consentino, dizendo que isso diz respeito ao estilo de cada um dos candidatos e como eles irãos e comportar a frente da Casa Branca.

Expectativas

Leandro diz ainda que as expectativas para os próximos debates são as piores possíveis e acredita que não haverá um “amadurecimento” ou que o debate será propositivo. “Se o primeiro debate foi assim, o prenúncio é que os próximos não tenha uma configuração tão distinta quanto a isso”, explica.

O próximo debate entre Trump e Biden está previsto para o dai 15 de outubro e acontecerá em Miami. Uma semana depois, em Nashville, acontecerá o terceiro e último encontro entre os candidatos.