Coreia do Sul alerta para risco de surtos de Covid-19 em igrejas
Pelo menos três outros grupos menores de infectados tiveram sua origem rastreada até igrejas em Seul e um até uma igreja na cidade de Yongin
Por iG Último Segundo | , Jornal Extra |
A Coreia do Sul relatou, nesta quarta-feira (19), seu maior aumento diário de novos casos de novo coronavírus (Sars-coV-2) desde o início de março, à medida que surtos em igrejas ao redor da capital se espalharam, provocando o temor de uma nova onda nacional de infecções.
Os 297 novos casos marcam o sexto dia consecutivo de aumentos de três dígitos em um país que conseguiu atenuar vários surtos anteriores. A contagem nacional subiu para 16.058 infecções com 306 mortes por Covid-19 , de acordo com dados do Centro Coreano de Controle e Prevenção de Doenças (KCDC).
Quase 90% dos novos casos apareceram na capital, Seul , e áreas vizinhas, aumentando a preocupação com a rápida disseminação do vírus em uma área metropolitana de mais de 25 milhões de pessoas.
"Estamos em uma crise desesperadamente perigosa, na qual as infecções estão se espalhando na área metropolitana de Seul e ameaçando levar a uma transmissão massiva em todo o país", disse o vice-ministro da Saúde, Kim Gang-lip, em uma entrevista coletiva.
"O governo não pode conter a propagação atual apenas com rastreamento e isolamento. Por favor, fique em casa, a menos que precise sair", completou.
Pelo menos 166 das novas infecções estão ligadas à Igreja Sarang Jeil, elevando o número de casos originados ali para 623. As autoridades mobilizaram cerca de 8.500 policiais para rastrear outros 600 membros da congregação que deveriam estar isolados, e estão tentando testar todos os seus 4 mil membros.
Alguns membros da igreja, que é dirigida por um pregador conservador radical, estão relutantes a se apresentar e fazer o teste ou a se isolar, disseram as autoridades. Muitos deles também compareceram a manifestações antigovernamentais em Seul no fim de semana, nas quais milhares de pessoas de todo o país se reuniram, levantando temores de que novas infecções provocadas pelas aglomerações.
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O vice-diretor do KCDC, Kwon Jun-wook, disse que dez pessoas nos protestos sem vínculos com a igreja foram infectadas e pediu que todos que compareceram façam o teste.
O primeiro-ministro, Chung Sye-kyun, prometeu tomar medidas legais contra a igreja pelas tentativas de interromper os esforços de rastreamento e teste e por não fornecer listas de membros precisas.
Pelo menos três outros grupos menores de infectados tiveram sua origem rastreada até igrejas em Seul e um até uma igreja na cidade de Yongin. Mais de 50 casos já foram vinculados a uma cafeteria na cidade de Paju.
Boates, bares de karaokê, bufês e cybercafés foram fechados em Seul e nas regiões vizinhas. Os serviços religiosos presenciais também foram proibidos, enquanto as reuniões internas e externas foram restritas a não mais que 50 e 100 pessoas, respectivamente.
As autoridades disseram que, se o número de infecções aumentar ou continuar na taxa atual de disseminação, elas provavelmente imporão o nível mais alto de regras de distanciamento social, sob as quais escolas são fechadas, empresas aconselhadas ao trabalho remoto e reuniões limitadas a 10 pessoas.
Kwon disse que o país estará em uma "encruzilhada" nos próximos dias e que o governo pode ter que impor restrições mais duras se houver um aumento nos casos sem origem óbvia.