OMS cobra "coerência" após o Brasil omitir dados da Covid-19

Na semana passada, o Ministério da Saúde começou a atrasar a divulgação das números do novo coronavírus e a ocultar o total de vítimas e casos

Ryan destacou o bom histórico de combate a doenças que os países latinos têm
Foto: Christopher Black/OMS
Ryan destacou o bom histórico de combate a doenças que os países latinos têm

O diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, cobrou "coerência" do governo brasileiro após o Ministério da Saúde começar a omitir na semana passada o total de vítimas e casos confirmados da Covid-19 e divulgar apenas os óbitos e contaminações pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) registradas nas últimas 24 horas.

"É muito importante que haja coerência nas mensagens sobre a pandemia de coronavírus, para que as pessoas possam confiar nelas, possam entender onde está a doença e avaliar seu risco", afirmou Ryan.

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Segundo o diretor-executivo, a comunidade científica e técnica latino-americana já demonstrou excelente desempenho no combate de doenças contagiosas. Ele citou como exemplos os combates ao sarampo e à cólera e ainda reforçou que governos precisam começar a apoiá-los para vencer o novo coronavírus.

“Governos da América do Sul e Central precisam trabalhar de maneira coordenada com suas equipes de saúde pública e seus cientistas, que são excelentes, para controlar a doença", disse o diretor da OMS.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que países que já reduziram o número de casos e mortes devem tomar cuidado para não haver um novo aumento, principalmente por conta desse momento de muitas manifestações pelo mundo. A exemplo do que ocorre no Brasil, em atos de defesa da democracia e a favor do presidente Jair Bolsonaro , e nos Estados Unidos , com passeatas contra o racismo após a morte de George Floyd .