
Fora da presidência da Bolívia desde novembro do ano passado, quando renunciou após denúncias de fraudes nas eleições, Evo Morales foi indicado ao Nobel da Paz por Adolfo Pérez Esquivel , vencedor do prêmio em 2020. No ano passado, a indicação de Esquivel foi o ex-presidente Lula , com direito a abaixo assinado e carta ao comitê organizador.
Ativista de direitos humano, Esquivel fez o anúncio nesta terça-feira, com um texto em seu site oficial. Ao justificar a escolha, o argentino diz que Evo Morales liderou um “modelo de país com igualdade, justiça social e soberania”, e que isso precisa ser “reconhecido internacionalmente”. O comunicado também cita Lula .
“Em 1980, recebi o P rêmio Nobel da Paz por nossa luta contra as ditaduras latino-americanas, articuladas entre si pela Operação Condor, comandada pelos Estados Unidos. Assim como no caso de Lula , primeiro presidente trabalhista da América, quem indiquei ao Prêmio Nobel em 2019, Evo também é um símbolo de resistência contra a nova Operação Condor, que hoje realizar golpes militares, midiáticos e judiciais, para banir partidos e candidatos que alcançam alta intenção de voto por programar políticas em favor do povo”, escreveu o argentino.
Fraude nas eleições
Evo Morales venceu as eleições de outubro do ano passado na Bolívia, mas o resultado foi anulado porque um relatório feito pela Organização dos Estados Americanos (OEA) encontrou indícios de fraude.
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Evo chegou a anunciar novas eleições, mas já tinha perdido muitos aliados. Além disso, as manifestações estavam cada vez mais intensas nas ruas do país. Pressionado pelas Forças Armadas e pela Polícia, ele concordou em renunciar no dia 10 de novembro, mas afirmou ser vítima de um golpe. Desde então, o ex-presidente está refugiado na Argentina. A Bolívia está sob o comando interino de Jeanine Áñez e terá novas eleições em maio.
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“A democracia está em risco em nossa região e não podemos ficar em silêncio. Não vamos permitir a ditadura cívico-militar boliviana, com seu ódio racial, nem a ação golpista da OEA, nas mãos de Luis Almagro (Secretário Geral da OEA). Queremos eleições livres e transparentes na Bolívia, o fim do exílio forçado de Evo Morales, e o reconhecimento internacional a esse povo plurinacional por seu exitoso modelo social de paz e não-violência”, argumentou Esquivel.
Proibido de concorrer à Presidência nas novas eleições, marcadas para o dia 3 de maio, Evo Morales tentou lançar candidatura ao Senado, mas o pedido foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esquivel
Adolfo Pérez Esquivel é fundador do Serviço Paz e Justiça na América Latina (SERPAJ-AL), criado na década de 1970, quando ditaduras predominavam nos países latino-americanos. A sua atuação por meio da organização, que defende os direitos humanos e prega a não-violência, rendeu a ele o Novel da Paz de 1980.
O argentino faz as indicações ao prêmio na condição de vencedor, mas a permissão para nomeações é bastante abrangente. Presidentes, ministros, professores de universidades, reitores e diretores, entre outros, têm direito a indicar nomes.