Fogo já devastou diversas áreas e matou pessoas e animais em todo o país
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Fogo já devastou diversas áreas e matou pessoas e animais em todo o país

O impacto econômico dos  incêndios na Austrália deve superar o prejuízo causado pelas queimadas de 2009, as maiores registradas até então na História do país, segundo economistas do instituto de dados americano Moody's Analytics.

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Os incêndios de 11 anos atrás que varreram o estado de Vitória em 7 de fevereiro de 2009 — data que ficou conhecida como Black Saturday (sábado negro, em inglês) — custaram ao país pouco mais de US$ 3 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 12 bilhões.

Até agora, as chamas consumiram cerca de 8,4 milhões de hectares em todo o país, e 25 pessoas morreram. Em comparação, o Black Saturday devastou 450 mil hectares e deixou 173 mortos. No entanto, a previsão é de que as queimadas deste ano superem o recorde estabelecido pela tragédia de 2009, pois ainda faltam meses para o fim da temporada de seca.

De acordo com economistas do instituto, os danos crescentes à vegetação e à atmosfera ameaçam diretamente indústrias como agricultura e turismo. Especialistas também ressaltam o fato de que as queimadas ainda não foram totalmente contidas, e que a temporada de incêndios ainda está longe de acabar.

Os efeitos da devastação incidirão primeiro sobre a indústria local. O preço final de produtos frescos, como vegetais e frutas, deve subir. Além disso, os dados do Moody’s Analytics flagraram um prejuízo significativo para o setor turístico, que costuma experimentar pico de visitantes nesta época do ano. 

Prejuízos à saúde

Os altos índices de poluição do ar, que afetam 30% da população australiana e fecharam estradas por todo o país, também devem impor consequências severas à indústria. Eles tendem a reduzir o rendimento das colheitas e a produtividade em geral, além de obrigar empresas a gastar mais com a saúde dos trabalhadores.

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O custo das queimadas para as companhias de seguro será alto. De acordo com o Conselho de Seguros da Austrália (ICA), as seguradoras já receberam, ao todo, 5.850 pedidos relacionados às queimadas desde o dia 8 de novembro, quando o instituto reconheceu formalmente a catástrofe.

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De acordo com o ICA, as companhias de seguro perderão cerca de 375 milhões de dólares australianos (em torno de R$ 1 bilhão). Por toda a Austrália, 1,6 mil pedidos relatando perda total de propriedade já foram averiguados. Em 2009, cerca de 2 mil residências foram totalmente destruídas pelo fogo.

Segundo a agência de classificação de risco S&P, os prejuízos previstos poderão diminuir a lucrabilidade das seguradoras e elevar os índices de contratos premium. Com isso, o nível de confiança do consumidor, que já se encontrava baixo, tende a encolher ainda mais. Economistas do AMP Capital preveem um percentual entre 0,25% a 1% de queda no Produto Interno Bruto (PIB) australiano decorrente apenas dos efeitos das queimadas.

Críticas ao premier

O governo australiano tem sido criticado pela demora em destinar recursos para o controle do fogo e o atendimento às vítimas. Desde o início da temporada de seca, o primeiro-ministro da Austrália, o conservador Scott Morrison, acionou cerca de 3 mil agentes da reserva das forças armadas para a contenção dos incêndios.

Para estudiosos, essa despesa representa um valor irrisório se comparado ao total da riqueza australiana. Economistas responsabilizaram a política econômica do governo, que priorizou a austeridade nos gastos e rejeitou o dinheiro de fundos especiais para a gestão da crise, pela intensidade das queimadas e pelos danos às terras devastadas.

Morrison também tem sido criticado pela resistência em reduzir o nível de emissões de gases poluentes pelo país. Além disso, nas festas de fim de ano em 2019, o primeiro-ministro viajou em férias ao Havaí com a família enquanto boa parte dos australianos enfrentavam os incêndios florestais.

Em resposta às críticas, Scott Morrison prometeu reservar 2 bilhões de dólares australianos (cerca de US$ 1,4 bilhão) para contenção de incêndios, mas a promessa ainda não foi cumprida. Despesas com recuperação dos setores atingidos podem reduzir os danos econômicos causados pela catástrofes, segundo especialistas. No entanto, o período normal de queimadas está no início, e repasses com esse propósito ainda podem demorar a acontecer.

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Em visita à ilha de Kangaroo, que teve boa parte do seu território destruído pelas chamas, Morrison fez um apelo para que turistas continuem a viajar para a Austrália, apesar da tragédia ambiental no país.

"A Austrália está aberta e continua sendo um lugar maravilhoso para trazer sua família e aproveitar suas férias", afirmou o premier a jornalistas. — Até mesmo aqui na ilha de Kangaroo, onde um terço do território foi dizimado, dois terços continuam abertos e prontos para negócios. É importante manter a economia local vibrante em tempos como esses.

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