Incêndios na Austrália: 23 mortos, cortes de energia e evacuações em massa
Mais de cem mil pessoas recebem ordem para deixar suas casas e governo diz que 'piores previsões estão se concretizando'; rotina é de comoção e tristeza
O céu escureceu e choveu cinzas neste sábado, no sudeste da Austrália, devorado por incêndios violentos, que expulsaram dezenas de milhares de pessoas de suas casas e ameaçaram cortes de energia em cidades como Sydney. O governo anunciou que subiu para 23 número de mortos desde o início da temporada de fogos.
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O dia foi marcado por novas temperaturas recorde, acima de 40°C, e ventos fortes, que abrangem as centenas de incêndios florestais que devoram o país há quatro meses. A maioria dos focos está fora de controle.
A primeira-ministra de Nova Gales do Sul , Gladys Berejiklian, alertou que as piores previsões para este sábado "estão se concretizando".
Sydney atingiu temperaturas recorde no sábado, com 48,9°C registrado em Penrith, um subúrbio ocidental da cidade.
As autoridades alertaram que pode haver cortes no fornecimento de energia na maior cidade da Austrália, pois o incêndio destruiu as linhas de transmissão de energia. Por isso, pediram aos habitantes que reduzissem o consumo de energia.
Em Canberra , o termômetro subiu para 44°C, um número também sem precedentes, segundo um porta-voz dos serviços meteorológicos australianos.
No sudeste do país, a região mais populosa, foi declarado o estado de emergência. Na sexta-feira (3), foi dada a ordem de evacuação a mais de 100 mil pessoas de três estados.
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O primeiro-ministro Scott Morrison convocou três mil reservistas militares no sábado para atuar no país, numa mobilização sem precedentes. Desde o início da temporada de incêndios em setembro, pelo menos 23 pessoas morreram, segundo ele.
Outras dezenas estão desaparecidas e mais de 1.300 casas foram reduzidas a cinzas. Uma área equivalente ao dobro do território de Bélgica queimou.
'Refugiados no próprio país'
Em meio a esse cenário, milhares de australianos que precisaram deixar suas casas estão abrigados em acampamentos improvisados em campos de golfe ou praias, vivendo uma rotina como de refugiados em seu próprio território.
Nos campos de golfe, nos terrenos de críquete ou nas áreas de jogo – qualquer espaço onde haja poucos arbustos –, os australianos se concentram para se proteger dos violentos incêndios.
É o caso do Catalina Country Club em Batemans Bay, em Nova Gales do Sul, onde caravanas, carros antigos, pick-ups e tendas compartilham o espaço, enquanto o restaurante do clube foi convertido num centro de evacuação.
Pilhas de comida, roupa e água, vindos de doações, se acumulam pelos cantos. Diante desse cenário, os recém-chegados comentam, com ironia, que são como refugiados.os.
Mesmo para um país acostumado a enfrentar grandes incêndios e que se diz orgulhoso de sua capacidade em resistir a condições extremas, essas últimas semanas foram brutais.
Os incêndios gigantescos escureceram o céu e cidades inteiras ficaram cobertas por camadas de fumaça asfixiante. As nuvens escuras alcançaram áreas da Nova Zelândia e da Nova Caledônia.
As imagens de famílias devastadas no mar para fugir das chamas causaram comoção. Para muitos, o futuro é incerto. Eles não sabem se suas casas ainda estão de pé, quando poderão voltar e, sobretudo, quando essa catástrofe terminará, com todo o tempo que ainda resta para o fim do verão.
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Narelle Coady, de 54 anos, se refugiou em Batemans Bay Beach, no sábado, quando sua casa foi ameaçada pelas chamas pela segunda vez em cinco dias.
"Resistimos na terça-feira, mas foi muito assustador. Foi muito ruim, não conseguia respirar. Não havia oxigênio. Foi horrível", disse ele à AFP.
A dona de um motel em Batemans Bay, Justine Donald, 40, decidiu deixar sua casa na véspera do Ano Novo. Segundo ela, a situação parecia "o fim do mundo".
"A cidade estava escura. Tudo era preto, laranja e (o ar) era tão denso que você não conseguia respirar. Estava com tanto medo de perder minha vida que nem penso nos meus pertences agora. É assustador", descreveu, em lágrimas. "O mais importante para mim é estar viva e estarmos todos seguros. Se isso acontecer novamente, precisarei de uma boa garrafa de vinho e ficarei dentro de casa com toalhas debaixo das portas, porque não voltarei a sair por aí".
Mick Cummins, 57, também deixou sua casa na véspera de Ano Novo, quando incêndios devoraram a costa leste.
"Um incêndio infernal veio da colina. Estávamos sentados lá e vimos uma explosão após a outra. O clube de boliche queimava, as casas na rua queimavam. Os incêndios em 1994 foram devastadores, mas, em comparação com este ano, foram 'apenas um churrasco'", explica ele.
"Vamos ficar aqui até podermos voltar para casa", disse sua esposa Ulla. "Estão dizendo que, provavelmente, não teremos eletricidade até a próxima semana. E, sem eletricidade, não temos telefone. Estamos presos".
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No sábado, as autoridades alertaram que em Sydney , a maior cidade do país, poderia haver problemas no fornecimento de eletricidade, e pediram aos habitantes que reduzissem o consumo de eletricidade.