Bolsonaro diz que não vai comentar sobre morte de general iraniano

Presidente afirmou nesta sexta-feira (3) que o País não tem o "poderio bélico necessário para opinar" sobre o tema, mas que "se tivesse, opinaria"

Foto: Rafael Carvalho/Casa Civil
Jair Bolsonaro preferiu não se posicionar sobre o ataque americano

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (3) que o governo brasileiro não vai se manifestar sobre o ataque dos Estados Unidos que resultou na morte de um dos mais importantes militares de alta patente do Irã, o general Qassem Soleimani , no Iraque.

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"Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar nesse momento. Se eu tivesse, opinaria", disse o presidente após visitar a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que está internada num hospital de Brasília após uma cirurgia estética.

Perguntado se o Itamaraty emitira algum comunicado sobre o assunto, como outros países têm feito, Bolsonaro disse que, por enquanto, esta possibilidade "está descartada". O presidente disse também ter se reunido com o ministro-chefe da Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, para avaliar a situação internacional após a ação militar norte-americana.

"Conversei, aprofundamos a conversa e temos uma estratégia de como proceder no desenrolar dos fatos. A coisa que mais nos preocupa é uma possível alta do petróleo, que está em torno de 5% no momento. Conversei com o presidente da Petrobrás também, a exemplo do que aconteceu na Arábia Saudita, o ataque de drones, em poucos dias voltou à normalidade, a gente espera agora também", disse.

Uma reunião foi convocada para a próxima segunda-feira (6), em Brasília, para avaliar os desdobramentos desse episódio na alta do preço dos combustíveis, com participação do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia). Pela manhã, Bolsonaro conversou com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e voltou a dizer que o governo não tem como interferir no preço do combustível, mas apelou para que os governadores atuem para segurar impostos, caso a alta seja muito expressiva.

"Eu converso com o almirante Bento [ministro de Minas e Energia], com o presidente da Petrobras e com o Paulo Guedes e nós temos uma linha de não interferir, mas acompanhar e buscar soluções. A gente apela aos governadores. Vamos supor que aumente 20% o preço do petróleo, vai aumentar em 20% o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], não dá para os governadores cederem nisso aí também? Porque todo mundo perde, quando você mexe em combustível, toda a nossa economia é afetada", afirmou.

Operação suicida

No final da tarde, Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista ao vivo, por telefone, ao programa Brasil Urgente, apresentado pelo jornalista José Luiz Datena, na TV Bandeirantes . Perguntado pelo apresentador se acreditava em uma possível retaliação do Irã contra os Estados Unidos , o presidente disse que poderia ser uma "operação quase suicida" do país mulçumano.

“Tem que ver o potencial bélico e militar do Irã, acho muito difícil, pode até haver, mas seria uma operação quase suicida”, afirmou.

Na entrevista, Bolsonaro disse ainda não acreditar em uma guerra de grandes proporções e reforçou que, se o conflito se prolongar por muito tempo, o mundo inteiro sofrerá as consequências, por causa do petróleo. "Se houver um conflito demorado, pela localização geográfica, pelo potencial do Irã, pelos problemas que podem acontecer, o mundo todo vai sofrer com a alta do petróleo. Se vier acontecer, nós vamos ver o que podemos fazer aqui".

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Entenda o caso

Comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani foi morto ontem (2) nos arredores do aeroporto de Bagdá. Soleimani era o comandante da unidade de elite Força Quds, uma brigada de forças especiais responsável por operações militares extraterritoriais do Irã que faz parte da Guarda Revolucionária Islâmica.

O governo dos Estados Unidos justificou a ação afirmando que as Forças Armadas do país “agiram defensivamente de forma decisiva, matando Qassem Soleimani para proteger os indivíduos americanos no exterior".

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O presidente Donald Trump ordenou a morte do comandante da força de elite iraniana Al-Quds, general Qassem Soleimani, anunciou o Pentágono em um comunicado. Na nota, o Pentágono disse que Soleimani estava "ativamente a desenvolver planos para atacar diplomatas e membros de serviço norte-americanos no Iraque e em toda a região".

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, respondeu que o país preparará uma “retaliação severa” pelo ataque.