Iván Duque
Reprodução/ Facebook
Iván Duque

O presidente colombiano, Iván Duque, entregou à ONU na quinta-feira um relatório  de 129 páginas sobre a suposta presença de guerrilheiros colombianos na Venezuela, que inclui pelo menos duas fotos com dados falsos. Parte das imagens que formam o dossiê foram postadas no Twitter,  como "evidência" da presença de guerrilheiros do (Exército de Libertação Nacional) ELN na Venezuela.

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Com o título "Penetração do ELN nas escolas rurais do estado de Táchira, como finalidades de doutrinação - Abril de 2018", uma das imagens entregues por Iván Duque mostra homens e mulheres com roupas militares, armados e com faixas nas cores vermelho e preto, que remetem à bandeira do ELN, em uma roda com pelo menos onze crianças.

De acordo com Duque , a imagem foi feita em Táchira, na Venezuela, em 2013,  e foi publicada pela primeira vez em 2018 pela ONG venezuelana Fundaredes. "Nossa equipe de documentação sobre a atuação de grupos armados irregulares colombianos na Venezuela recebeu em junho de 2013 fotos sobre a presença da guerrilha em escolas do estado de Táchira", diz um comunicado do diretor da ONG, Javier Tarazona Sánchez.

Mas, segundo o jornal El Colombiano, que publicou a imagem ainda em 2015, ela teria sido feita no município de El Tambo, no estado colombiano de Cauca, a cerca 1.200 km de Táchira. A foto foi usada para ilustrar uma reportagem sobre o recrutamento de crianças por guerrilhas.  Além da imagem, o jornal publicou à época outras três fotos da mesma sequência, onde se veem os guerrilheiros com menores de idade.

Além disso, nos documentos entregues ao secretário-geral da ONU , António Guterres, Duque denuncia "um massacre" ocorrido no estado venezuelano de Bolívar em outubro de 2018 por "confrontros" entre o ELN e "grupos de Pranes", como são conhecidos os guerrilheiros venezuelanos.

A mensagem é ilustrada com uma foto de uma cabana, com um grafiti com as siglas ELN, mas ela foi feita na região colombiana de Catatumbo, na fronteira com a Venezuela, pelo fotógrafo da AFP Luis Robayo.

— Tirei essa foto em 20 de setembro de 2018 em uma viagem que fiz na região de  Catatumbo para fazer uma reportagem.  

Para o cientista político Juan Camilo Arroyave, as ações afetam a imagem do presidente:

— Primeiro por causa da importância e popularidade da Assembleia da ONU no contexto global. Segundo, porque como era o tema central que ele apresentava, precisava que todas as fontes fossem claras para fazer uma denúncia desse calibre — afirmou o especialista ao jornal El Colombiano. 

 Desde o governo de Álvaro Uribe (2002-10), mentor de Duque, a Colômbia vem denunciando que a Venezuela protege e dá refúgio em seu território a guerrilheiros e traficantes de drogas. Na Assembleia Geral, Duque pediu à ONU que tome medidas sobre o apoio de Caracas a grupos armados.

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Maduro nega as acusações e rompeu relações com Bogotá em fevereiro, depois que Duque reconheceu o oponente Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

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