Mogherini pede que o Teerã volte a cumprir todos os termos do acordo
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Mogherini pede que o Teerã volte a cumprir todos os termos do acordo

A alta representante para Política Externa da União Europeia , Federica Mogherini , reconheceu que manter vivo o acordo sobre o programa nuclear do Irã está “cada vez mais difícil”. Após reunião com os países que ainda estão no plano — Irã , França , Reino Unido , Alemanha , Rússia e China — todos concordaram que é de interesse geral a continuação, porém as dificuldades trazidas pela saída dos EUA , em 2018, estão cada vez mais evidentes.

Quando decidiu pelo abandono unilateral do plano, o presidente americano  Donald Trump  deu início a uma política de pressão diplomática e comercial conhecida como “pressão máxima”, se baseando na retomada das sanções eliminadas pelo JCPOA (sigla em inglês para o acordo nuclear) e adotando novas medidas, especialmente contra o setor petrolífero.

O acordo de 2015 previa que, em troca de se submeter a controles mais estritos de suas atividades nucleares, os iranianos não seriam mais alvo de sanções relacionadas ao programa atômico e passariam a ter acesso aos canais normais de comércio internacional. Como resultado, o PIB local chegou a crescer 13,4% em 2016 e 4,3% em 2017.

Mas, após a saída dos EUA do acordo, uma promessa de campanha de Trump, e as medidas econômicas, o país enfrentou uma recessão em 2018 e caminha para uma queda ainda maior este ano, em torno de 6%. Diante da falta de alternativas, o Irã recorreu ao artigo 26 e 36 do acordo, que trata de violações cometidas por um ou vários signatários, para deixar de cumprir algumas de suas obrigações, como sobre pesquisas nucleares ou grau de enriquecimento de urânio.

'Retorno aos compromissos'

Mesmo sem uma contrapartida econômica, Mogherini pede que Teerã volte a cumprir todos os termos do acordo.

"Todos os passos dados pelo Irã são reversíveis e pedimos que eles revertam essas decisões e voltem a cumprir todas as obrigações. Espero que a racionalidade prevaleça."

Além de pressionar os europeus por alternativas às sanções americanas, os iranianos também condicionam um eventual diálogo com Washington ao fim das medidas impostas ao setor do petróleo, que praticamente paralisaram as exportações do setor. O presidente francês, Emmanuel Macron , sugeriu diretamente ao líder iraniano Hassan Rouhani que aproveitasse sua presença em Nova York para um encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump. Se tal reunião acontecer, será a primeira entre líderes dos dois países desde 1978, antes mesmo da Revolução de 1979 .

Nesta quarta-feira, em seu discurso durante os Debates Gerais na ONU, Rouhani disse que “se você quiser uma resposta positiva, e como declarada pelo líder da Revolução Islâmica [o líder supremo Ali Khamenei ], a única maneira de retomar as negociações é através do retorno aos compromissos”, se referindo às sanções.

"[Nós] jamais negociaremos com um inimigo que busca a rendição do Irã, usando a arma da pobreza, pressão e sanções", afirmou o presidente. "Se você exige mais, também tem que pagar mais."

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