Líder de Hong Kong retira projeto de lei sobre extradição

Carrie Lam cedeu a uma das exigências dos manifestantes que protestam há meses; líder dos protestos diz que medida chegou "muito tarde"

Retirada da lei é uma das cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong
Foto: Reprodução/Facebook Carrie Lam
Retirada da lei é uma das cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong

A governadora de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta quarta-feira (4) a "retirada total" de um projeto de lei que previa a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, estopim de uma onda de protestos que já dura três meses.

A medida estava suspensa desde 15 de junho, mas os manifestantes exigiam que o governo a engavetasse de forma definitiva. Grupos de direitos humanos alegavam que a lei serviria para perseguir dissidentes políticos em Hong Kong e violar sua independência judiciária, expondo cidadãos do território ao sistema jurídico da China.

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A retirada da proposta foi anunciada por Carrie Lam , que é apoiada por Pequim, em uma mensagem em vídeo transmitida pela televisão. Essa, no entanto, é apenas uma das cinco exigências dos manifestantes, que também cobram a renúncia da governadora, sufrágio universal para eleger seu substituto, a criação de um inquérito independente sobre os abusos da polícia e a retirada das acusações contra pessoas presas durante os protestos.

"Em relação às cinco exigências dos manifestantes, já anunciei a suspensão da proposta de lei e esclareci que ela está morta. O procedimento foi totalmente retirado", disse Lam.

Em seu perfil no Twitter, Joshua Wong, um dos líderes da " Revolução dos Guarda-Chuvas ", disse que a resposta de Lam é "muito pouco" e chegou "muito tarde". "Pedimos que o mundo continue alerta e não se deixe enganar pelos governos de Hong Kong e Pequim", acrescentou. 

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Ex-colônia britânica, Hong Kong foi entregue pelo Reino Unido à China em 1997, com o princípio de "um país, dois sistemas", e possui um status semiautônomo. A onda de protestos remete à "Revolução dos Guarda-Chuvas", que, em 2014, manteve o centro do território ocupado por 79 dias para pedir uma democracia plena. Pequim, por sua vez, acusa "atores externos" de encorajarem as manifestações para desestabilizar Hong Kong