VARSÓVIA — Em mais um escândalo a atingir a Polônia , meses antes das eleições gerais de outubro, o vice-ministro da Justiça pediu demissão após reconhecer que estava por trás de uma campanha para espalhar rumores sobre a vida privada de juízes críticos ao governo.
Uma reportagem publicada pelo site de notícias Onet trouxe conversas entre Lukasz Piebiak e uma mulher chamada Emilia, na qual discutiam planos para mandar informações sobre o juiz Krystian Markiewicz para ser publicada em veículos pró-governo. Markiewicz é um dos principais críticos do Partido da Lei e Justiça, que comanda ogoverno.
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A reportagem ainda afirma que Lukasz Piebiak deveria informar um “ chefe ” sobre os resultados da campanha de boatos, sem identificar quem seria este superior. Alguns afirmam que este “chefe” seria o ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro .
As revelações provocaram uma onda de críticas na Polônia, especialmente da oposição, que exigia a saída de todos os citados na matéria. Até agora, apenas Piebiak apresentou seu pedido de demissão.
Em entrevista para a rede de TV TVN24 , o juiz Markiewicz se mostrou preocupado com as revelações.
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"Estamos lidando com ações sistemáticas contra juízes, contra o Estado de Direito na Polônia. Se um ataque como este pode ser feito contra juízes e professores, pode ser feito contra qualquer um."
Escândalos em série
O escândalo é mais um envolvendo o partido do governo nas últimas semanas. No começo do mês, o presidente do Parlamento teve que renunciar após revelações de que ele usou aeronaves oficiais para viagens privadas.
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Mesmo liderando as pesquisas para as eleições de outubro, oultranacionalista Partido da Lei e Justiça é alvo frequente de críticas da oposição e da Comissão Europeia, que vê com preocupação a série de reformas adotada desde 2015, quando chegou ao poder.
Algumas das mudanças atingiram em cheio o poder Judiciário, levando a punições de juízes independentes e, mais recentemente, a uma lei que poderia forçar a aposentadoria de mais um terço dos integrantes da Suprema Corte . Em junho, a Corte Europeia de Justiça considerou que a legislação violava a lei da União Europeia.