Trump tem interesse em comprar a Groenlândia, mas Dinamarca não quer vender

Segundo jornal, presidente norte-americano pediu a advogado da Casa Branca para explorar ideia de comprar Groenlândia, maior ilha do mundo

Foto: Getty Images
Boas notícias: apesar do calor global, a cobertura de gelo do Ártico é a maior desde 2001

O presidente norte-americano, Donald Trump , supostamente quer comprar a Groenlândia, a maior ilha do mundo. A Dinamarca, que não sabe se o interesse é sério, diz que não está vendendo a ilha. Uma reportagem do Wall Street Journal que indica o aparente interesse do presidente dos EUA em um acordo deixou os dinamarqueses perplexos e fez o ex-primeiro ministro perguntar se era uma piada. Um membro do bloco político no poder na Dinamarca, que ajuda a administrar a Groenlândia como território autônomo, a classificou como uma “ideia terrível”.

O jornal disse que Trump expressou repetidamente interesse em uma compra e até pediu ao advogado da Casa Branca para explorar a ideia. Embora os 2,2 milhões de quilômetros quadrados da ilha sejam quase todos congelados, a Groenlândia abriga a Base Aérea de Thule, a instalação mais ao norte das forças armadas dos EUA.

A sugestão de Trump “deve ser uma piada do Dia da Mentira” fora da data, tuitou Lars Lokke Rasmussen, que foi primeiro-ministro até junho e agora lidera a oposição na Dinamarca .

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Nos EUA, as reações foram variadas. O deputado republicano Mike Gallagher disse que o país “tem interesse estratégico na Groenlândia , e isso deve estar absolutamente na mesa”. Já o deputado democrata Steve Cohen afirmou que a ideia pode funcionar como um “memorial criogênico”.

A notícia chega no momento em que Trump se prepara para sua primeira visita formal à Dinamarca , nos dias 2 a 3 de setembro, quando se reunirá com a primeira-ministra Mette Frederiksen e participará de um jantar oficial promovido pela rainha Margrethe II. A Groenlândia será um dos focos das reuniões. A presença dos EUA nem sempre esteve no noticiário por razões reais: em 1968, um bombardeiro B-52 carregando armas nucleares caiu perto da base de Thule, no noroeste da Groenlândia , causando contaminação radioativa.

Em um comunicado intitulado  “A Groenlândia não está à venda”, Christian Juhl, da Aliança Vermelha e Verde, que faz parte do bloco do governo da Dinamarca, fez uma contraproposta: “Trump pode se oferecer para pagar o aluguel pela base Thule, que até agora foi disponibilizada para os EUA de graça”.

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Frederiksen, que se tornou primeira-ministra em junho, fará sua primeira visita oficial à Groenlândia na próxima semana para conversas com o primeiro-ministro da ilha, Kim Kielsen. A Groenlândia é auto-administrada, mas a defesa e os assuntos estrangeiros permanecem sob o governo dinamarquês . A ilha tem sua própria representação em Washington e Bruxelas.

Mais de 80% da Groenlândia é coberta de gelo e sua população, de apenas 56 mil habitantes, se concentra nas costas. A ilha tornou-se um ponto-chave dos estudos climáticos porque as geleiras estão derretendo em um ritmo recorde.

Ilha disputada

A Groenlândia , no norte do Oceano Atlântico, fica entre a Europa e a América, e tem sido um território de tensões geopolíticas entre Estados Unidos, Rússia , Canadá, Dinamarca e Noruega. Todos os países estão em busca da posse de recursos naturais perto do Polo Norte.

Em 2014, a Dinamarca reivindicou cerca de 900 mil quilômetros quadrados da plataforma continental no Oceano Ártico com base em sua ligação geológica com a Groenlândia, de acordo com uma pesquisa realizada pelas autoridades dinamarquesas.

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Mais recentemente, a China entrou na disputa por território ao entrar em uma licitação para a construção de aeroportos na Groenlândia. No ano passado, a Dinamarca optou pelo financiamento conjunto com a Groenlândia para evitar que a China assumisse o controle.

A Groenlândia , que obtém a maior parte de sua renda da pesca e indústrias relacionadas, teve um Produto Interno Bruto (PIB) de pouco mais de US$ 2,7 bilhões em 2017. A ilha recebe um subsídio anual de cerca de US$ 500 milhões da Dinamarca.