O candidato da oposição à Presidência da Argentina, Alberto Fernández , companheiro de chapa da ex-presidente e senadora Cristina Kirchner criticou na noite de segunda-feira (12) o presidente Jair Bolsonaro, a quem classificou de "racista, misógino e violento". No domingo, Fernández obteve uma vantagem esmagadora em cima do presidente Mauricio Macri, candidato à reeleição, nas eleições presidenciais primárias do país.
“Em termos políticos, eu não tenho nada a ver com Bolsonaro . Comemoro enormemente que fale mal de mim. É um racista, um misógino, um violento. O que eu pediria ao presidente Bolsonaro é que deixe Lula livre e pediria que se submeta a eleições com Lula em liberdade”, acrescentou, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o ano passado.
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As declarações foram feitas horas depois que Bolsonaro disse que o Brasil poderia ver "irmãos argentinos fugindo para cá" caso o que ele chama de " esquerdalha " vença as eleições presidenciais de outubro — uma forte possibilidade após o resultado que conquistaram nas primárias de domingo sobre Macri.
“Com o Brasil, teremos uma relação esplêndida. O Brasil sempre será nosso principal sócio. Bolsonaro é uma conjuntura na vida do Brasil, como Macri é uma conjuntura na vida da Argentina”, disse Fernández em uma entrevista ao programa Corea del Centro, da emissora Net TV.
Na entrevista, Fernández também criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , que classificou como um bom líder para seu país, mas não para o mundo.
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As primárias de domingo na Argentina funcionaram como uma megapesquisa das eleições presidenciais de 27 de outubro. Como não havia disputa interna nos partidos, o importante era saber qual a proporção de eleitores que votaria em cada chapa. Com 99,37% das urnas apuradas, Alberto Fernández , que tem a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner como vice, teve 47,66% dos votos.
Macri, candidato à reeleição e que tem o apoio declarado de Bolsonaro , recebeu 32,08% dos votos, uma diferença de menos 15 pontos percentuais. Na Argentina, para vencer no primeiro turno é necessário ter 45% dos votos ou 40% com uma diferença de ao menos 10 pontos sobre o segundo colocado.
O temor de que Macri não seja reeleito em outubro, associado à guerra comercial entre Estados Unidos e China, levou o dólar a fechar o dia em alta, próximo de R$ 4, e a bolsa a recuar . Na Argentina , o peso se desvalorizou, a Bolsa despencou e o BC, em reação, elevou os juros a 74% ao ano.