STF nega extradição de turco acusado de terrorismo pelo regime Erdogan

Por unanimidade, Segunda Turma do Supremo negou pedido do governo da Turquia para enviar empresário Ali Sipahi para ser julgado naquele país

Empresário turco Ali Sipahi tem 31 anos, é sócio de um restaurante e brasileiro desde 2016
Foto: Divulgação/Centro Cultural Brasil-Turquia
Empresário turco Ali Sipahi tem 31 anos, é sócio de um restaurante e brasileiro desde 2016

Os ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal ( STF ), decidiram, por unanimidade, negar a extradição do empresário turco Ali Sipahi, acusado pelo regime de Recep Tayyip Erdogan de terrorismo.

Leia também: 'Casa de Papel' da vida real: homens armados roubam moedas de ouro no México

O comerciante de 31 anos de idade foi acusado de integrar o Hizmet, que é, oficialmente, um movimento ligado ao religioso muçulmano Fethullah Gülen, mas considerado uma organização terrorista pelo governo turco. O Hizmet é tido como responsável pela tentativa de golpe contra o regime do presidente Erdogan, deflagrada em julho de 2016.

Ali Sipahi chegou a passar um mês preso no Brasil, entre abril e maio deste ano, mas foi solto por decisão do ministro Edson Fachin . O governo turco pediu a extradição do empresário para que ele fosse julgado lá, enquanto a defesa alegou no Supremo que ele é brasileiro naturalizado desde 2016, desempenha atividade comercial e possui família, mulher e filho sob sua dependência. Em parecer, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contrariamente ao pedido de extradição.

No julgamento realizado nesta terça-feira (6), Fachin argumentou que a extradição não cabe para esse caso pois, à época em que o suposto crime teria ocorrido na Turquia, em 2016, o Brasil ainda não possuía uma lei específica que definia medidas contra o terrorismo. O ministro foi acompanhado pelos colegas Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia.

Leia também: 'Doleiro dos doleiros', Dario Messer é convocado para depor na CPI do BNDES

Um dos fatores que motivaram as acusações do governo turco contra Sipahi no STF foi a identificação de um depósito que foi interpretado como uma doação do emprespario ao Hizmet – que não é reconhecido como uma organização terrorista por organismos internacionais.