Esquerda fica sob ataque em debate entre pré-candidatos democratas nos EUA
Bernie Sanders e Elizabeth Warren defenderam saúde universal e descriminalização da imigração em encontro com candidatos moderados
Dez dos 22 pré-candidatos democratas à corrida presidencial de 2020 se reuniram ontem (30) num debate promovido pela rede CNN no Fox Theatre, em Detroit, nos Estados Unidos. Os ataques se concentraram nos senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, dois dos nomes considerados mais progressistas entre os democratas que disputam a vaga do partido na eleição do próximo ano.
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Já nas duas primeiras questões, os temas mais divisivos entre os democratas — saúde e imigração — deixaram clara a divisão no palco do Fox Theatre entre a dupla de veteranos (Sanders tem 77 anos, e Warren, 70) e os outros oito pré-candidatos.
Completavam o palco nomes tidos como mais moderados como os jovens Pete Buttigieg (de 37 anos) e Beto O’Rourke (de 46), estrelas em ascensão no partido, e também o governador de Montana, Steve Bullock; a senadora de Minnesota Amy Klobuchar; a autora Marianne Williamson; o congressista de Ohio Tim Ryan; o ex-governador do Colorado John Hickenlooper, e o ex-congressista de Maryland John Delaney.
Tanto o senador por Vermont como a senadora por Massachusetts defenderam suas posições em apoio à saúde universal e à descriminalização da fronteira sul, com o México, onde se desenrola uma grave crise imigratória. Candidato nas primárias democratas de 2016, Sanders foi questionado sobre declarações de Delaney, que afirma que a saúde universal não é o caminho que os EUA devem seguir, pois, segundo ele, retiraria seguros de saúde de trabalhadores que já os têm.
"Você está errado", respondeu Sanders , arrancando aplausos da plateia. "Eu acredito que a saúde é um direito universal, lutarei por isso", completou. Perguntado se os benefícios de um programa universal de saúde seriam tão bons quanto os que os sindicatos americanos conseguiram conquistar para os trabalhadores, Sanders afirmou que seriam ainda melhores, e foi interrompido.
"Você não sabe se serão", afirmou o congressista de Ohio. "É claro que sei, eu escrevi o projeto de lei", rebateu Sanders.
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Na tentativa de encurralar os dois progressistas, que junto com o ex-vice-presidente Joe Biden estão no grupo que encabeça as pesquisas, o ex-governador Hickenlooper argumentou que os democratas conseguiram tomar 40 cadeiras na Câmara dos Deputados nas eleições de 2018, e que “nenhum desses candidatos apoiava as políticas” dos dois senadores.
"Somos os democratas, não estamos tirando a saúde de ninguém. Quem faz isso são os republicanos. Temos que parar de usar a retórica republicana para atacar uns aos outros", defendeu-se Warren, que junto com Sanders acusou os centristas de representarem equivocadamente suas ideias.
Delaney voltou a atacar a dupla, afirmando que Warren e Sanders apoiam “economias fantasiosas”. "Não entendo por que alguém concorre à Presidência somente para falar sobre o que não podemos fazer e sobre o que não devemos lutar", rebateu Warren, sob fortes aplausos da plateia.
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A discussão sobre imigração teve início com uma pergunta a Buttigieg, que afirmou que migrantes que cruzam a fronteira ilegalmente só sejam processados criminalmente em casos de fraude. Warren tentou desviar o foco para as famílias separadas na fronteira pelas políticas do presidente Donald Trump. Hickenlooper argumentou que o Congresso poderia usar ferramentas já existentes para evitar tal cenário.
"Bem, uma maneira de consertar isso, é por meio da descriminalização da fronteira", afirmou a senadora. "Acho que é disso que estamos falando".
Novo embate
Nesta quarta-feira (31), outros dez candidatos realizam um segundo debate no mesmo local. O ex-vice-presidente Joe Biden e a senadora Kamala Harris, destaque do primeiro debate democrata, devem concentrar as atenções. Completam a lista os senadores Cory Booker, Kirsten Gillibrand e Michael Bennet; a congressista Tulsi Gabbard; o prefeito de Nova York, Bill de Blasio; o ex-prefeito de San Antonio, Julián Castro; o empresário Andrrew Yang, e o governador do estado de Washington, Jay Inslee.