Parlamento espanhol rejeita pela segunda vez mandato do socialista Pedro Sánchez

Depois de três meses de negociação, PSOE e Podemos não fazem acordo para coalizão e quartas eleições em quatro anos ficam mais próximas

Pedro Sánchez teve um curto primeiro mandato que começou em junho de 2018
Foto: Reuters
Pedro Sánchez teve um curto primeiro mandato que começou em junho de 2018

Depois do fracasso das negociações entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), social-democrata, e a aliança Unidas Podemos , de esquerda, para a formação de uma coalizão de governo, o primeiro-ministro em exercício da Espanha, Pedro Sánchez, não obteve nesta quinta-feira apoio do Congresso para liderar um novo governo.

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Com isso, a Espanha fica mais próxima de enfrentar novas eleições em novembro — a quarta em quatro anos  —, a menos que o partido de Pedro Sánchez , que tem a maior bancada no Parlamento, mas não a maioria absoluta, consiga chegar a um novo acordo de coalizão até setembro.

Nas últimas eleições gerais, em abril, o PSOE obteve 123 cadeiras no Parlamento de 350 lugares. Para superar o número de votos negativos da oposição de direita e formar o governo, Sánchez precisava do voto positivo do Podemos, que tem 42 deputados, e também de legendas menores, como a Esquerda Republicana da Catalunha (ECR), com 15 parlamentares.

Com a abstenção do Podemos e do ECR no Parlamento, após o fracasso das negociações, o premier em exercício contou apenas com 124 votos do próprio partido e de outra sigla menor, enquanto todas as legendas de direita votaram contra ele, num total de 156 votos. Houve 66 abstenções.

O socialista PSOE e o Podemos governaram juntos, mas em uma coalizão informal, durante o curto primeiro mandato de Sánchez, que começou em junho de 2018, depois que o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, envolvido em um escândalo de corrupção, foi derrubado por uma moção de desconfiança do Parlamento.

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Desde as eleições de abril, no entanto, o PSOE recusou-se por 60 dias a negociar com o Podemos, dizendo que não aceitaria que o líder da legenda, Pablo Iglesias, participasse do Gabinete. O jovem político exigia que sua sigla, que elegeu 42 parlamentares, em comparação a 123 do PSOE, tenha cargos importantes no governo.

"Nunca houve problemas no programa. O problema tem sido os ministérios. Iglesias queria controlar o governo, 100% dos gastos do governo, sendo a quarta força", disse Sánchez em discurso na tribuna. "Demonstramos uma nobre vontade de acordo, propostas que o sr. Iglesias rejeitou uma após a outra. Não conheço nenhum precedente de um líder de esquerda que se sinta humilhado pela proposta de vice-presidência. Uma proposta respeitosa e sensata. E mais do que razoável, pois em seu partido não há experiência alguma, dada a sua juventude, na gestão do governo".

Iglesias respondeu que "o seu partido aceitou tudo o que lhe foi exigido", mas que o PSOE recusou representação "proporcional aos seus votos".

"Senhor Sánchez, peço-lhe que faça uma reflexão: pensa que se referiu a nós com o respeito que um possível parceiro do governo merece?", disse Iglesias. "É muito difícil negociar um governo de coalizão a 48 horas da nomeação e filtrar tudo pela imprensa. Uma negociação do governo precisa, pelo menos, não ser tacanha".

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O Podemos e o PSOE também são próximos em uma série de questões políticas, mas discordam sobre um assunto-chave na Espanha: a independência da Catalunha. Enquanto o partido de Iglesias apoia um plebiscito para que os catalãs decidam seu próprio futuro, a legenda de Pedro Sánchez  descarta esta opção.