Rússia e Geórgia trocam acusações após protestos que deixaram 200 feridos

Duzentas pessoas ficaram feridas nos protestos desta quinta-feira, dia 20. Geórgia acusa Rússia de ser "força de ocupação", enquanto o Kremlin diz que atos foram "provocação anti-Rússia"

Porta-voz do Kremlin, Dmitriy Peskov, disse que manifestações não passaram de um ato de “ provocação anti-Rússia ”.
Foto: Reprodução/Wikipedia
Porta-voz do Kremlin, Dmitriy Peskov, disse que manifestações não passaram de um ato de “ provocação anti-Rússia ”.


Os governos da Rússia e da Geórgia t rocaram acusações sobre a onda de protestos na capital da ex-república soviética na noite desta quinta-feira, depois da visita de um deputado russo ao Parlamento local. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e o presidente do Parlamento, Irakli Kobakhidze, renunciou.

Na manhã desta sexta-feira, a presidente georgiana, chamou a Rússia de “inimiga e força de ocupação ”, além de sugerir que Moscou ajudou a incitar os protestos. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitriy Peskov, disse que tudo não passou de um ato de “ provocação anti-Rússia ”. O presidente russo Vladimir Putin sugeriu que os turistas russos na Geórgia “ajam com cautela”.

Os protestos começaram durante a visita do deputado russo Sergei Gavrilov a Tbilisi. Ele participava de uma reunião entre parlamentares de diversas igrejas ortodoxas, como a russa e a georgiana. A situação, porém, saiu de controle quando Gavrilov se sentou na cadeira do presidente do Parlamento e começou a fazer seu discurso em russo. Ainda no plenário ele foi alvo de ofensas de deputados da oposição e até de copos d'água. Logo depois do incidente ele deixou o país .

Leia mais:  Vladimir Putin analisa facilitar cidadania russa a todos os ucranianos

Do lado de fora, manifestantes que já protestavam contra a visita tentaram invadir o prédio do Parlamento, dando início a um violento confronto com a polícia. Entre os feridos estão vários agentes de segurança, que tiveram seus capacetes e escudos arrancados pela multidão.

Ao comentar os incidentes, Gavrilov atacou a oposição georgiana. "Nossa visão comum é a de que há uma óbvia tentativa de realizar um golpe de estado na Geórgia, com forças extremistas tentando tomar o poder", disse em entrevista nesta sexta-feira.

A oposição, que promete novas manifestações nesta sexta-feira, diz que o atual grupo político que comanda a Geórgia não faz o suficiente para combater a influência russa. Eles ainda defendem a saída imediata do ministro do interior e a convocação de novas eleições .

Relação complicadas

A relação entre Rússia e Geórgia, após o fim da URSS , sempre passou longe da normalidade. A Rússia deu apoio a grupos separatistas durante a guerra civil no país nos anos 1990. Depois do fim do conflito sempre tentou manter o país em sua área de influência, mas, em 2004, um movimento popular que seria conhecido como “ Revolução das Rosas ” marcou de vez a mudança de rumo político do país, com o governo buscando um alinhamento com o Ocidente.

Leia mais:  Urso polar viaja 1.500 km, invade cidade russa e busca comida em lixão; assista

Em 2008 a Rússia invadiu a Geórgia, alegando estar agindo para defender cidadãos russos. O conflito durou alguns dias e acabou com a declaração de independência de duas regiões georgianas, Ossétia do Sul e a Abkhazia, algo que só é reconhecido pela Rússia e outros 4 países.Desde então Moscou e Tbilisi não mantêm relações diplomáticas .