Manifestantes nas ruas de Hong Kong
Reprodução/Twitter Helen Davidson

Manifestantes protestam há semanas contra medida defendida por Carrie Lam

Milhares de pessoas vestidas de preto voltaram às ruas de Hong Kong nesta sexta-feira, nos protestos mais recentes contra a polêmica lei de extradição, engavetada na semana passada, que permitiria a extradição de pessoas para qualquer país com que não tenha acordo sobre o assunto, incluindo a China e Taiwan. Apesar da suspensão, os manifestantes, que temem a utilização da medida para fins políticos, afirmaram que não irão recuar até que o projeto seja cancelado por completo.

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Grupos de estudantes usando capacetes, óculos de proteção e máscaras montaram barricadas e pararam o trânsito em um ato majoritariamente pacífico para exigir que Carrie Lam, chefe do Executivo da cidade e aliada aos interesses chineses, cancelasse por completo a lei de extradição .

"Ter pessoas aqui está pressionando o governo e mostrando que não concordamos com sua lei de extradição", disse o estudante Edison Ng. "Não está claro por quanto tempo vamos ficar aqui. Parar ou não, quem vai decidir são as pessoas vão decidir".

Nas proximidades do quartel da polícia de Hong Kong , os manifestantes reforçavam sua autonomia com gritos de "nunca nos renderemos" e pediam que a renúncia do chefe de polícia Stephen Lo. No início da noite, centenas de pessoas continuavam nas ruas.

Os protestos aconteceram um dia após ao prazo estabelecido para que o governo da cidade respondesse às demandas dos manifestantes. Além do cancelamento da lei, o grupo pede que a demissão de Lam, a libertação das pessoas presas durante os atos e uma investigação do uso de brutalidade policial nos protestos do dia 12 de junho, quando foi registrada maior violência. 

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Na terça-feira, Lam pediu desculpas pela confusão na cidade, mas afirmou que não pretende abrir mão de seu mandato e que o projeto de lei não voltará a ser apresentado ao Parlamento local enquanto liderar o Executivo. Seu recuo foi uma das maiores reviravoltas políticas em Hong Kong desde 1997, quando o território voltou a fazer parte da China, apesar de possuir sistemas político, jurídico e administrativo próprios, em um arranjo conhecido como "um país, dois sistemas".

Desde que o projeto começou a transitar no Legislativo, em fevereiro, Lam repudia as preocupações de que a lei limitaria a independência do sistema judiciário da cidade. Sob a medida proposta, um pedido de extradição seria examinado pelos tribunais de Hong Kong , mas a palavra final caberia à chefe do Executivo.

As autoridades locais argumentam que salvaguardas para garantir os direitos humanos e procedimentos justos foram estabelecidos, incluindo a proteção contra a aplicação da pena de morte e o veto a extradições sob acusações políticas. Seus opositores, contudo, afirmam que os governantes se sentiriam pressionados a apoiar um pedido de extradição feito pela China, onde os tribunais são controlados pelo PC, já que são escolhidos por uma comissão de maioria favorável a Pequim.

Para barrar os interesses chineses, os grupos pró-democracia precisarão de um excelente resultado nas eleições do ano que vem para o Legislativo da cidade. Segundo os organizadores dos protestos, milhares de novos eleitores teriam se registrado durante os protestos que começaram no início do mês.

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Embora Pequim tenha enfatizado publicamente o seu apoio à retirada do projeto de lei de extradição , a crise representa um enfraquecimento de Lam aos olhos de Xi Jinping, que tem buscado minar as autonomias da cidade desde que chegou ao poder, em 2012. A desconfiança que a população de Hong Kong têm da China continental ficou evidente e o governo central se viu forçado a endossar as concessões graduais da chefe do Executivo, algo bastante incomum para o PC.

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