Johnson diz que Brexit acontecerá com ou sem acordo: "Precisamos sair"

Favorito na sucessão de May no cargo de premier britânico diz que a única maneira de evitar saída da União Europeia sem acordo é com preparação

Foto: Reprodução/Twitter
Boris Johnson disse que Brexit acontece com ou sem acordo

Boris Johnson ,favorito na sucessão da primeira-ministra demissionária Theresa May, prometeu que a saída do Reino Unido da União Europeia acontecerá do dia 31 de outubro, com ou sem acordo. Segundo Johnson, a única maneira de prevenir um divórcio sem acordo é se preparando com antecedência para a separação.

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O ex-chanceler e ex-prefeito de Londres é o principal nome para substituir May na liderança do Partido Conservador e, por consequência, no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Na primeira rodada de votação entre os parlamentares da legenda, ele recebeu 114 votos, 71 a mais do que o segundo colocado, Jeremy Hunt, atual ministro de Relações Exteriores, com 43. A disputa entre os conservadores é dominada por uma questão que está no cerne de uma das maiores crises políticas recentes no país: quando e como o Reino Unido sairá do bloco europeu?

Em sua primeira entrevista televisionada desde que a campanha começou, Johnson garantiu que o  Brexit  acontecerá em 31 de outubro, prazo final estabelecido após dois adiamentos:

"Eu acho que todos que dizem que nós deveríamos adiar arriscam causar danos terminais à confiança na política. Nós precisamos agir e fazer isso. Precisamos sair até o dia 31 de outubro", disse, em entrevista à rádio BBC, na manhã de sexta-feira.

"Se nós precisarmos sair sem acordo ou nos termos da OMC (Organização Mundial do Comércio, organismo multilateral que regula as relações comerciais internacionais), então é nossa responsabilidade absoluta nos prepararmos para isso. E é com preparação que evitaremos esse resultado", explicou.

Após meses de impasse, Theresa May anunciou que abandonaria a liderança do Partido Conservador em maio, após o Parlamento britânico rejeitar pela terceira vez o acordo do Brexit negociado por seu governo.

Johnson disse não querer um divórcio sem acordo, mas rejeita uma nova extensão do prazo, originalmente estabelecido para março.

"Seria absolutamente bizarro sinalizar, a essa altura das negociações, que o governo britânico estaria novamente disposto a hastear uma bandeira branca e adiar novamente o acordo", disse Johnson.

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O ex-chanceler não forneceu maiores detalhes, mas disse que o mecanismo chamado backstop , previsto no pacto para evitar que sejam impostos controles alfandegários entre a Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda, poderia ser solucionado com a fiscalização de produtos longe da fronteira.

"A União Europeia verá que as políticas mudaram no Reino Unido e na Europa", disse Johnson

Polêmico, famoso pelas gafes e sempre despenteado, Johnson concedeu a entrevista após seus rivais o acusarem de fugir dos holofotes devido ao seu histórico de controvérsias.

Último a apresentar candidatura, o ex-chanceler lançou sua campanhaem um ato repleto de figuras do alto escalão do Partido Conservador, dizendo que, embora não desejasse um Brexit sem acordo, iria se preparar “vigorosa e seriamente” para, se necessário, deixar a União Europeia sem um pacto de saída. Na ocasião, ele se esquivou de responder sobre ter experimentado cocaína , o que já admitira no passado.

Boris Johnson concordou em participar de um debate televisionado na terça-feira, mas se recusou de outro, no domingo. O ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, disse na sexta-feira que as propostas de Johnson para o Brexit devem ser questionadas.

"Só podemos ter esse debate se o favorito desta campanha for um pouco mais corajoso e aparecer na mídia, participar de debates. O que Churchill diria se alguém que quer ser o primeiro-ministro do Reino Unido estivesse se escondendo da mídia e não participasse dessas grandes ocasiões?", Hunt disse à BBC, fazendo uma piada sobre o ex-prefeito londrino, que assinou uma biografia sobre o premier mais importante da história do Reino Unido.

A segunda rodada de votações está prevista para a próxima terça-feira, quando o número de candidatos passará para dois. Cerca de 160 mil membros do Partido Conservador escolherão o próximo líder de sua legenda e, consequentemente, do Reino Unido, no fim de julho.

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Todos os potenciais sucessores de May disseram ser capazes de encontrar a solução para a crise que culminou em sua queda. O Parlamento indicou que tentará impedir um Brexit sem acordo — situação que prejudicaria a economia britânica e mercados financeiros pelo mundo.

"Johnson sempre diz que o Brexit vai se concretizar até o dia 31 de outubro, mas como?", disse Rory Stewart, um dos candidatos à vaga de May. "Como ele vai renegociar com a Europa? Como ele vai conseguir passar pelo Parlamento? Isso não pode ser um ato cego de fé", concluiu.