Jornalista preso em Moscou acusado de tráfico é internado após passar mal

Ivan Goluvnov foi acusado de tráfico de drogas pelas autoridades russas. Para defesa do jornalista, acusação seria armação para punir investigações

Ivan Golunov, jornalista preso em Moscou acusado de tráfico de drogas, foi internado após passar mal
Foto: Reprodução/TheGuardian
Ivan Golunov, jornalista preso em Moscou acusado de tráfico de drogas, foi internado após passar mal

O jornalista investigativo russo Ivan Golunov, acusado por tentativa de tráfico de drogas, foi internado neste sábado (8) após "se sentir mal". Golunov, repórter do jornal on-
line independente Meduza , com sede na Letônia, foi detido na quinta-feira (6), em Moscou.

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Segundo a polícia, no momento da detenção do jornalista , ele carregava em sua mochila cinco envelopes de mefedrona, uma droga sintética. Seus seguidores, no entanto, afirmam que
a acusação é uma armação para punir suas investigações sobre corrupção nas mais altas esferas políticas

O advogado de Goluvnov denunciou à AFP que seu cliente foi maltratado durante a detenção . "Ivan Golunov foi acusado de tentativa de tráfico", escreveu seu advogado Pavel Chikov no aplicativo de mensagens Telegram.

De acordo com um comunicado divulgado pela polícia, o jornalista foi internado após "se sentir mal". Golunov deveria ser apresentado neste sábado diante de um tribunal que
decidirá se ele continua preso. Se for considerado culpado, pode ser condenado a até 20 anos de prisão, segundo o editor-chefe do Meduza , Ivan Kolpakov.

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"Estamos convencidos de que Ivan Goluvnov é inocente. Temos razões para acreditar que Goluvnov está sendo perseguido por suas atividades jornalísticas", declarou, em comunicado,
a direção do Meduza. "A reputação profissional de Ivan Goluvnov é irretocável. É um jornalista detalhista, honesto e imparcial".

Jornalista publicou denúncias contra autoridades russas

Goluvnov publicou investigações sobre fraudes em vários setores da economia russa, incluindo na prefeitura de Moscou e até no serviço funerário.

A ONG Repórteres sem Fronteiras afirmou que a detenção pode levar a "uma escalada significativa da perseguição" de jornalistas independentes na Rússia. Na sexta-feira, 15
pessoas, incluindo seis jornalistas, foram presas pela polícia em Moscou, durante ato contra a polêmica prisão do repórter.

"Acredito que seja uma armação", disse Anna Narinskaya, outra jornalista detida nos atos de sexta-feira. "É uma vingança pelas investigações de Goluvnov", acrescentou.

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A Anistia Internacional disse que as acusações são "duvidosas e seguem um esquema já conhecido, infelizmente". A Rússia está na 149ª posição na classificação de liberdade de
imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, atrás de México, Zimbábue e Argélia. Vários jornalistas foram agredidos e assassinados nos últimos anos.