Bolsonaro afirma que 'jamais viria à Argentina falar sobre política’

Na véspera, o presidente brasileiro deixou claro seu apoio a Macri e relacionou Cristina Kirchner à Venezuela a pedido do mandatário argentino

Ao lado de Macri, Bolsonaro disse ter medo do surgimento de novas Venezuelas na região
Foto: Marcos Corrêa/PR
Ao lado de Macri, Bolsonaro disse ter medo do surgimento de novas Venezuelas na região

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta sexta-feira que “jamais viria à Argentina falar sobre política”, no encerramento de uma visita em que diversas vezes deixou claro o seu apoio ao atual presidente argentino, Mauricio Macri . A declaração foi feita um dia depois de Bolsonaro pedir aos argentinos para “votarem com responsabilidade” e de, como revelou O Globo , atender a um pedido de Macri e insistentemente fazer alertas sobre o risco de “novas Venezuelas” no continente.

"Jamais viria a Argentina falar sobre política. O que queremos é que na América do Sul ninguém mais flerte com o socialismo, o comunismo como infelizmente aconteceu na nossa querida Venezuela", afirmou  Bolsonaro  em Buenos Aires, na sua primeira visita de Estado ao país vizinho.

Durante a visita, o presidente mais de uma vez fez advertências sobre a  possibilidade do surgimento de "novas Venezuelas" na América do Sul , além de pedir que os argentinos "votem com responsabilidade, com muita razão e menos emoção" nas eleições  presidenciais de outubro . O presidente Mauricio Macri , candidato à reeleição, enfrentará nas urnas uma chapa que terá como candidata a vice a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).

"Acho que toda a América do Sul está preocupada em que não criemos novas Venezuelas na região", disse Bolsonaro em declaração ao lado de Macri na Casa Rosada na quinta-feira, depois da primeira reunião entre os dois.

O presidente, que já advertiu inúmeras vezes contra a volta ao poder de Cristina, cuja chapa é favorita nas pesquisas, afirmou ainda que "todos têm que ter, assim como no Brasil grande parte teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro deste país.  Que Deus abençoe este povo nesta decisão, porque desta forma teremos paz e alegria".

O presidente ainda comparou a situação interna nos dois países. "Não viemos falar de política interna, mas tivermos uma experiência bastante triste no Brasil há pouco tempo, semelhante a da Argentina. E democracia e liberdade devem falar mais alto nas eleições argentinas  disse Bolsonaro".

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Como revelou O Globo, em uma reunião entre o deputado Eduardo Bolsonaro e um alto funcionário do governo da Argentina há menos de um mês, o filho do presidente, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara e atua como representante informal do governo no exterior, conversou com um alto funcionário sobre o cenário eleitoral argentino e perguntou como o Brasil poderia colaborar com a campanha pela reeleição do presidente Macri.

Segundo contou outra alta fonte argentina, a resposta do funcionário de Macri foi taxativa: “Relacionem, sempre que possível, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) com a Venezuela”.

Isso foi exatamente o que fez o presidente brasileiro em sua primeira visita de Estado à Argentina. E o pedido feito pelo funcionário argentino ao deputado Bolsonaro inspirou um dos pontos escritos pelo filho do presidente nos papéis que trouxe a Buenos Aires como uma espécie de roteiro da visita de Estado de seu pai.

Uma das anotações de Eduardo Bolsonaro dizia “que Brasil e Argentina não virem novas Venezuelas ”. No caso da Argentina, isso significa, em outras palavras,  pedir aos argentinos que não votem pelo retorno de Cristina ao poder.