No segundo dia de visita oficial ao Reino Unido, Donald Trump tem encontro oficial com Theresa May, primeira-ministra que deixará a liderança conservadora na sexta-feira, e deverá demandar que o próximo premier britânico não utilize tecnologia da companhia chinesa Huawei na construção de sua rede 5G. Nas ruas de Londres, milhares protestam contra a visita do líder americano.
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Após participar de um banquete promovido pela rainha Elizabeth II e pelo príncipe Charles no primeiro dia no Reino Unido, a visita de Trump ganha ares políticos nesta terça-feira.
O dia começou com uma reunião de negócios no Palácio Saint James com a participação de empresas britânicas e americanas e membros de ambos governo. Durante o final da manhã, o presidente participa de um encontro oficial com Theresa May em Downing Street , residência oficial da premier. Após a conversa, os líderes participarão de uma entrevista coletiva.
A primeira-ministra britânica anunciou sua renúncia no final do mês passado, após consecutivas derrotas parlamentares do plano que apresentou para a saída britânica da União Europeia.
Ao chegar em sua primeira reunião pela manhã, Trump disse que as conversas resultarão em um "acordo comercial bastante substantivo" após a concretização do Brexit . O americano disse ainda que May tem feito um "trabalho fantástico" e que "não deveria sair de cena". Apesar dos elogios desta manhã, ao longo dos meses, Trump criticou repetidamente a postura da primeira-ministra de buscar um acordo com a União Europeia .
Após o encontro, os líderes participarão de uma entrevista coletiva e, no fim do dia, Trump participará de um jantar que poderá incluir líderes do Brexit, como Boris Johnson, favorito à sucessão de May, e Nigel Farage, líder do Partido Brexit.
É esperado que Trump e May discutam assuntos comerciais e de segurança, especialmente no contexto do Brexit: o Reino Unido busca um acordo bilateral com Washington, mas a saída iminente da premier britânica pode dificultar maiores progressos.
Nas ruas, a viagem oficial do americano é alvo de protestos. Segundo pesquisa recente realizada pelo instituto YouGov em parceria com a Universidade Queen Mary, em Londres , 54% dos londrinos são contrários à visita oficial — apenas 24% demonstraram posicionamento favorável.
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O famoso boneco inflável que retrata Trump como um bebê, utilizado nas manifestações que ocorreram durante a visita de Trump no ano passado, voltou às ruas e dezenas de milhares de pessoas contrárias ao líder americano devem se concentrar ao longo do dia na Trafalgar Square no movimento que vem sendo chamado de "carnaval da resistência".
Brexit e China
O fracasso de May em negociar o Brexit e a predileção de Trump por ignorar as regras diplomáticas fazem com que esta seja uma das visitas de Estado menos tradicionais das últimas décadas.
Antes mesmo de desembarcar, Trump elogiou Boris Johnson , eurocético favorito a assumir o posto de May, e disse que o Reino Unido deverá sair da União Europeia com ou sem acordo. O americano também incentivou o ultraconservador Nigel Farage, adversário do Partido Conservador, de situação, a participar de conversas com o Bloco Europeu.
Apesar do mau momento, a visita oficial de Trump é vista como uma ocasião de celebração da "relação especial" entre os Estados Unidos e a antiga metrópole. A recepção tinha sido prometida por May em janeiro de 2017, quando foi a primeira chefe de governo a se reunir com Trump após sua posse presidencial. Até nos temas menos superficiais da viagem, no entanto, há problemas.
O Reino Unido, e especialmente os defensores do Brexit, apostam em uma relação comercial fortalecida com os Estados Unidos, possivelmente com um acordo de livre comércio, depois que a saída do país da UE se concretizar. No entanto, como o protecionismo tem sido a marca do governo de Trump, que abriu guerras comerciais com vários países, analistas vêm advertindo para os riscos da aposta dos britânicos, afirmando que Washington pode impor a Londres um acordo desfavorável.
A visita de Trump também será marcada pelas pressões americanas para que Londres não permita que a companhia chinesa Huawei participe da implantação da rede de telefonia 5G no Reino Unido. O governo americano vem ameaçando deixar de repassar informações de inteligência para os britânicos — que fazem parte da Aliança Cinco Olhos com Austrália, Canadá e Nova Zelândia — caso a maior companhia chinesa de tecnologia de comunicação tenha permissão para atuar no país.
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Nos últimos dias, surgiram indicações de que em um acordo comercial os americanos pediriam que os britânicos baixem seus padrões agrícolas e alimentares para permitir a entrada de produtos dos Estados Unidos. A desconfiança foi agravada por uma entrevista do embaixador americano, Woody Jonhson, que disse que todos os setores econômicos estariam na mesa em uma negociação.