O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, pediu novas eleições no Reino Unido nesta sexta-feira, seguindo-se à renúncia de Theresa May ao cargo de primeira-ministra.
No Twitter, Corbyn disse que "Theresa May está certa ao renunciar". "Ela agora aceitou o que o país sabe há meses: ela não pode governar, assim como seu partido dividido e desintegrado também não pode", acrescentou. "Quem quer que se torne o novo líder conservador deve deixar as pessoas decidirem o futuro do nosso país, por meio de eleições gerais imediatas".
Theresa May is right to resign. She's now accepted what the country's known for months: she can't govern, and nor can her divided and disintegrating party.
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) May 24, 2019
Whoever becomes the new Tory leader must let the people decide our country’s future, through an immediate General Election.
Depois de meses de impasse provocado pela saída do Reino Unido da União Europeia , a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira que deixará o cargo para que o Partido Conservador possa escolher um novo líder que será responsável por concretizar o Brexit , algo que ela não conseguiu fazer.
Leia também: Casal morto em tragédia no Chile começaria a construir a própria casa
Na terça-feira, May apresentou um plano de "última chance" para tentar recuperar o controle do processo de Brexit, incluindo um segundo referendo. A tentativa foi em vão: o texto foi mais uma vez alvo de críticas, tanto da parte da oposição trabalhista quanto pelos eurocéticos do seu partido, resultando assim na renúncia , na quarta-feira, de sua ministra das Relações com o Parlamento, Andrea Leadsom.
O projeto de lei, que Theresa May deveria fazer votar na semana de 3 de junho, não foi incluído no programa legislativo anunciado ontem pelo governo aos deputados.
O plano previa uma série de compromissos, incluindo, além da possibilidade de votar num segundo referendo, a continuação de uma união aduaneira temporária com a UE, numa tentativa de reunir a maioria dos deputados.
Mas, deixando de lado algumas promessas feitas no início do processo, Theresa May enfureceu os eurocéticos do seu campo, enquanto a saída de Andrea Leadson acabou de vez com a autoridade de May, que viu partir cerca de trinta membros de seu governo ao longo dos meses.
A tarefa de desfazer mais de 40 anos de laços com a UE não era fácil, ressalta Simon Usherwood, cientista político da Universidade de Surrey, entrevistado pela AFP.
"Tentei três vezes, não fui capaz", ela afirmou, em referência a suas tentativas de fazer o Parlamento aprovar o acordo de saída da União Europeia, em pronunciamento gravado em frente à sua residência oficial em Londres, o número 10 de Downing Street.
May deverá permanecer no cargo até 7 de junho.
"Acreditei que era correto perseverar, inclusive quando as possibilidades de fracassar pareciam elevadas, mas agora me parece claro que, para o interesse do país, é melhor que um novo primeiro-ministro lidere este esforço", afirmou em um discurso para a imprensa.
Sua voz falhou quando terminou sua breve declaração proclamando seu "amor" por seu país, antes de virar as costas para as câmeras e voltar para casa.
May continuará no cargo para receber o presidente dos Estados Unidos, que realizará uma visita de Estado ao Reino Unido de 3 a 5 de junho.
O mandato de Theresa May, cheio de adversidades, críticas e até mesmo conspiração dentro de seu próprio partido, entrará para a História como um dos mais curtos na Grã-Bretanha desde a Segunda Guerra Mundial.
Antes de assumir o cargo, seu sucessor terá que ser eleito para o cargo de líder do Partido Conservador, e depois oficialmente nomeado chefe de Governo pela rainha Elizabeth II.
O ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, líder dos defensores do Brexit, está entre os favoritos para substituí-la.
Theresa May assumiu o Executivo em julho de 2016, pouco depois de os britânicos votarem 52% a favor do Brexit no referendo de 23 de junho de 2016, sucedendo David Cameron.
Mas esta filha de pastor de 62 anos, ex-ministra do Interior, não conseguiu convencer uma classe política profundamente dividida sobre a saída da UE.
O acordo de divórcio, que ela negociou amargamente com Bruxelas, foi rejeitado três vezes pelos deputados, forçando o Executivo a adiar o Brexit até 31 de outubro, quando estava planejado para o dia 29 de março, e organizar eleições europeias.
A votação europeia, realizada na quinta-feira no Reino Unido, anuncia-se calamitosa para os tories, que deverão amargar um humilhante quinto lugar (7%), 30 pontos atrás do Partido do Brexit do eurofóbico Nigel Farage, segundo pesquisa YouGov.
O fracasso das negociações sobre o Brexit com a oposição trabalhista agravou a situação de May.
A principal legenda de oposição do país tentava, há um mês e meio, articular com os governistas conservadores uma saída para o impasse no acordo da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), rejeitado três vezes pelo Parlamento do país.
Leia também: Primeiro-ministro indiano é reeleito em vitória esmagadora