Aproveitando o interesse e a comoção mundial causados pela exibição dos episódios da última temporada de Game of Thrones , na HBO, a Anistia Internacional resolveu apelar para o enredo da série, numa tentativa de sensibilizar a população global sobre a situação na Síria. O país vive em guerra desde 2011.
Nas redes sociais, a Anistia Internacional publicou uma imagem que mostra a cidade fictícia de King's Landing (ou Porto Real), a capital real de Westeros, totalmente destruída. Abaixo, uma imagem de Raqqa, na Síria, aparece sob as mesma condições, ilustrando a frase: "Você não precisa de um dragão para destruir uma cidade".
"Em Game of Throne s, a morte e a destruição eram apenas ficção. Em Raqqa, na Síria, não eram. A coligação liderada pelos EUA ataca os danos que foram muito reais", diz a peça publicada.
No mês passado, a Anistia informou que mais de 1.600 civis sírios foram mortos em uma ofensiva da coalizão liderada pelos Estados Unidos na cidade de Raqqa, em 2017.
More than 1,600 civilian lives have been lost as a direct result of thousands of US, UK & French air strikes & US artillery strikes in the Coalition’s military campaign in Raqqa from June to October 2017, but the Coalition forces still refuse to take responsibility. pic.twitter.com/dXIc59Myqm
— Amnesty International (@amnesty) 23 de maio de 2019
Junto à organização britânica Airwars, as duas investigaram 200 ataques aéreos na região e, ao comentarem suas conclusões, pediram que a coalizão “dê fim aos seus dois anos de negação” de seu impacto sobre a população civil durante a guerra.
A coalizão americana, aliada do presidente Bashar al-Assad, confirma apenas 180 óbitos de civis em sua campanha militar na Síria. Os comandantes de suas forças alegam ter feito o possível para não atingir civis durante as operações, garantindo que os ataques aéreos seguiram os protocolos dos conflitos armados.
Além dos Estados Unidos, a coalizão denunciada tem membros como o Reino Unido e a França. Suas tropas já conduziram pelo menos 34.000 ataques aéreos na Síria e no vizinho Iraque. As ações começaram em 2014, quando soldados do Estado Islâmico tomaram grandes partes do território dos dois países, impondo seu regime violento a mais de 8 milhões de pessoas.
No mês passado, o governo americano declarou o fim do autoproclamado “califado” dos jihadistas, depois de tomar seu último reduto em Raqa, considerada a capital do grupo. Seu trabalho também é apoiado pelas Forças Democráticas Sírias (SDF), da minoria curda. Mas o Estado Islâmico continua presente em outras regiões desse país e do Iraque.