Irã formaliza suspensão de regras de acordo nuclear

Há uma semana, presidente do Irã deu um ultimato para países renegociarem termos do tratado; EUA dizem que não querem entrar em guerra com o país

Presidente Hassan Rohani anunciou saída um ano após EUA deixar acordo
Foto: Televisão Nacional Iraniana
Presidente Hassan Rohani anunciou saída um ano após EUA deixar acordo

O Irã formalizou nesta quarta-feira (15) a suspensão de algumas obrigações do acordo assinado com potências mundiais em 2015 para controlar seu programa nuclear.  A medida chega uma semana depois de o presidente Hassan Rohani ter  dado um ultimato de 60 dias para Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia renegociarem os termos do tratado, que foi abandonado pelos Estados Unidos em 2018.

As regras suspensas pelo Irã dizem respeito ao limite de armazenamento de urânio enriquecido e água pesada, elementos essenciais para a produção nuclear. O excesso desses itens era exportado pelo país persa, mas essa atividade foi inviabilizada pelas novas sanções americanas.

Teerã, no entanto, prometeu restabelecer os limites anteriores se chegar a um acordo com as potências internacionais no prazo de 60 dias. "O Irã superará o momento difícil que está enfrentando com solidariedade, união nacional, resistência, planejamento e uma melhor gestão dos recursos", disse Rohani, após um encontro com o guia supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.

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Posição dos Estados Unidos

Em meio à crescente tensão com Teerã, os Estados Unidos evacuaram seus funcionários não essenciais da embaixada em Bagdá e do consulado de Irbil, no Iraque. Washington denunciou "ameaças" iranianas contra os interesses americanos na região.

No entanto, em visita oficial à Rússia, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, garantiu nesta terça-feira (14) que seu país "não quer uma guerra contra o Irã". "Nós fundamentalmente não buscamos uma guerra contra o Irã", garantiu o secretário de Estado, após uma reunião com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em Sóchi.

Poucas horas antes, o jornal The New York Times revelara um suposto plano do Pentágono para enviar até 120 mil soldados ao Oriente Médio caso Teerã ataque forças americanas ou tente desenvolver armas nucleares .

A notícia foi desmentida pelo presidente Donald Trump , mas refletiria os desejos da ala liderada pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, que em governos anteriores defendera uma intervenção militar no país persa.

O aiatolá Khamenei, também buscou esfriar a tensão e disse que "não haverá nenhuma guerra" com os EUA. Até o momento, Washington já anunciou o envio de uma frota de navios guiada pelo porta-aviões Abraham Lincoln, de uma esquadra de bombardeiros B52, de um navio anfíbio e de uma bateria de mísseis à região.

Na última segunda-feira (13), a Arábia Saudita, maior rival do Irã no Oriente Médio, denunciou uma "sabotagem" contra dois navios petroleiros na costa dos Emirados Árabes Unidos, mas não há provas concretas do envolvimento iraniano na ação.

Rússia

A crise com o Irã foi tema da visita de Pompeo à Rússia. O representante americano busca identificar pontos de convergência entre as políticas externas dos EUA e da Rússia, fundamentalmente opostas. Por enquanto, porém, isso não parece ter acontecido.

Durante a visita, Pompeo se reuniu com o presidente Vladimir Putin. Segundo o Kremlin, a política de máxima pressão contra o Irã  "nunca produz bons resultados". Além disso, Moscou culpou Washington pela atual escalada da tensão , embora diga que ainda há margem para "um acordo".