Líder da extrema direita na Itália, Salvini é suspeito por desvio de recursos
Investigação aponta que mais de 3 milhões de euros da Liga foram parar nas contas de empresas e seus sócios próximos ao ministro do Interior italiano
Por iG São Paulo |
Expoente da extrema direita da Itália, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro Matteo Salvini foi alvo de denúncias de desvio de recursos da Liga, partido que lidera. De acordo com investigação do semanário “L’Espresso” publicada no fim de semana, mais de 3 milhões de euros (cerca de R$ 9,5 milhões) saíram das contas do partido e de empresas por ele controladas para as de outras companhias e seus sócios, todos próximos ao próprio Salvini.
Entre os acusados de receberem os recursos provenientes da Liga do Norte e da Liga Salvini Premier – agremiações políticas controladas pelo líder da extrema direita italiana –, bem como da imobiliária Pontida Fin e da Radio Padania, apontadas como “caixas” de ambas, estão “amigos fidelíssimos” de Salvini, como o tesoureiro da Liga Giulio Centemero e os contadores Alberto Di Rubba e Andrea Manzoni, além de diversas empresas recém-criadas na região da Lombardia.
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Segundo a publicação italiana, as movimentações suspeitas de maior valor envolvem os escritórios de contabilidade Studio Dea Consulting e Studio Cld e a empresa de aluguel de carros Non Solo Auto. Sediadas na cidade italiana de Bérgamo, Lombardia, entre 2015 e 2018 essas três empresas receberam 1,7 milhão de euros (cerca de R$ 7,5 milhões) da Liga e entidades associadas como pagamento por “serviços não especificados”, diz o L’Espresso.
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Entre 2014 e 2018, as três pequenas empresas tinham como sócios majoritários Di Rubba e Manzoni, com o segundo tendo vendido suas participações para Di Rubba em outubro passado. Di Rubba também atua como diretor administrativo do grupo da Liga na Câmara italiana, enquanto Manzoni é conselheiro legal da Liga no Senado.
Já Centemero, tesoureiro da Liga apontado por Salvini, recebeu dinheiro por meio de outra empresa, intitulada Sdc. Fundada em 2016 em Bréscia tendo como objeto de atuação atividades de âmbito artístico, seu capital social foi constituído por um saque de 10 mil euros da conta do Studio Dea, mesmo valor repassado dois dias antes pela Liga do Norte ao escritório de contabilidade.
Além disso, desde a criação a Sdc aparentemente só fez negócios com entidades vinculadas à Liga, tendo até fevereiro de 2018 recebido depósitos no valor de 368 mil euros da Radio Padania. Os custos operacionais da empresa, no entanto, também são muito altos, e apenas entre 2016 e 2017 ela pagou 625 mil euros por serviços não especificados prestados por Manzoni, Di Rubba e Centemero.
Outro alvo das denúncias é Luca Morisi, responsável por gerenciar as contas de Salvini nas redes sociais. De acordo com o “L’Espresso”, Andrea Paganella, sócio histórico de Morisi, recebeu em apenas três meses quase 90 mil euros da empresa Vadolive. Criada em maio de 2018, dois meses depois do triunfo eleitoral de Salvini no ano passado, ela tem sede num dos endereços do Studio Dea e recebeu cerca de 200 mil euros da agremiação Liga Salvini Premier.
Segundo o “L’Espresso”, todos citados foram procurados para comentar os negócios e pagamentos recebidos, mas nenhum quis prestar esclarecimentos.