Em um vídeo divulgado na manhã desta quinta-feira (11), o presidente do Equador, Lenín Moreno, informa que negociou com autoridades da Grã-Bretanha as condições para entregar à Justiça o fundador do site Wikileaks, o australiano Julian Assange.
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A Polícia Metropolitana londrina confirmou ter detido Assange
, de 47 anos, esta manhã, depois que a embaixada equatoriana permitiu sua entrada no prédio, onde o fundador do Wikileaks estava abrigado desde 2012, a fim de evitar sua extradição para os Estados Unidos.
“Respeitando aos direitos humanos e ao direito internacional, solicitei à Grã-Bretanha a garantia de que Assange não seria entregue a um país onde possa sofrer torturas ou pena de morte. O governo da Grã-Bretanha confirmou [aceitar a condição] por escrito, em cumprimento a suas próprias normas”, disse Moreno.
O presidente afirmou que membros do Wikileaks fizeram ameaças ao governo equatoriano. Ao longo dos últimos anos, o site divulgou documentos sigilosos vazados por integrantes de vários governos e empresas multinacionais.
“Há dois dias, o Wikileaks ameaçou ao governo do Equador. Meu governo não tem nada que temer. Não atua sob ameaça. O Equador se guia pelos princípios do direito, cumpre as normas internacionais e cuida dos interesses do povo equatoriano”, assegurou Moreno.
O presidente equatoriano também acusou Assange de infringir as condições estabelecidas para que permanecesse protegido na embaixada em Londres.
"Por seis anos e dez meses, o povo equatoriano garantiu os direitos humanos e cobriu suas necessidades cotidianas em nossa embaixada em Londres", disse Moreno.
Ele justificou sua decisão à "conduta desrespeitosa e agressiva" e às "declarações descorteses e ameaçadoras" que Moreno entende que Assange fez contra o Equador.
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"O Equador cumpriu com suas obrigações dentro do marco do direito internacional. O senhor Assange violou reiteradamente as disposições expressas em convenções internacionais sobre asilo diplomático, particularmente a de não intervir em assuntos internos de outros estados", acrescentou o presidente.
De acordo com Moreno, "a paciência equatoriana chegou ao limite" e a manutenção do asilo diplomático concedido a Assange tornou-se "insustentável e inviável".
"Nosso governo respeita os princípios do direito internacional, incluindo a instituição do asilo político, mas concedê-lo ou retirá-lo é uma faculdade da soberania nacional. Assim, o Equador, soberanamente, dá por finalizado o asilo concedido ao senhor Assange em 2012."
Segundo Moreno, Assange instalou equipamentos eletrônicos não permitidos no prédio da embaixada, bloqueou as câmeras de segurança da embaixada, agrediu e maltratou vigilantes da missão diplomática e acessou arquivos de segurança da embaixada, sem permissão.
No Twitter, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa criticou a decisão de Moreno , afirmando que é uma “covardia”. Para Correa, que concedeu abrigo a Assange, a atitude do presidente equatoriano não será esquecida pela humanidade.
“Um dos atos mais atrozes fruto de servilismo, vileza e vingança. A história será implacável com o culpado de algo tão atroz”, disse Correa. Segundo ele, a decisão sobre Assange foi tomada porque o Wikileaks publicou denúncia de corrupção envolvendo Moreno.