Oito anos depois de um vazamento nuclear no complexo de Fukushima forçar o esvaziamento de comunidades vizinhas, as autoridades do Japão permitiram pela primeira vez, nesta quarta-feira, o retorno de moradores a bairros próximos ao foco do incidente. Cerca de 40% da cidade de Okuma, a oeste da usina danificada por terremoto e tsunami em 2011, foi declarada segura para habitação permanente.
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Um processo de descontaminação conduzido pelo governo japonês favoreceu a redução dos níveis de radiação nuclear no território de Fukushima . Relatos da mídia local apontam, no entanto, que apenas 367 pessoas se registraram como residentes. Segundo a rede Kyodo News, as pessoas podem fazer visitas durante o dia para arrumar as casas, mas só 48 habitantes de 21 lares oficializaram o desejo de pernoitar no local.
Uma pesquisa indicou que mais da metade dos 10.341 habitantes originais de Okuma não querem voltar. A cidade luta para se reconstruir após a tragédia que deixou mais de 15 mil mortos no Japão.
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Apenas 3,5% das pessoas que habitavam a cidade viviam no barrio agora liberado para habitação. O prefeito Toshitsuna Watanabe garante, porém, que é só o começo.
"Este é grande marco para a cidade", ressaltou Watanabe, em comunicado. "Mas este não é objetivo, mas um começo em direção à retirada da ordem de evacuação para a cidade inteira".
A maior parte de Okuma ainda está fechada para residentes, dados os índices de radiação. As autoridades acreditam que a abertura da prefeitura e o investimento em infraestrutura estimulem mais os residentes a voltarem para casa.
Em março de 2011, um forte terremoto e uma subsequente tsunami destruíram a usina elétrica de Fukushima Dai-ichi, cujas instalações cortam os municípios de Okuma e Futuba, na costa do Oceano Pacífico. O incidente fez a indústria liberar material radioativo , no maior desastre nuclear desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
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Mais de 160 mil pessoas foram retiradas de suas casas como resultado do incidente em Fukushima
. Desde então, a área restrita foi gradativamente reduzida. Cerca de 340 quilômetros quadrados ainda são considerados inseguros demais para viver.