Em Moçambique, 128 mil pessoas estão em abrigos improvisados após ciclone

Passagem do ciclone Idai deixou pelo menos 446 mortos só em Moçambique; risco de epidemias de doenças transmitidas pela água preocupa autoridades

Grande parte de Moçambique ficou alagada e sem comunicações em função da passagem do ciclone Idai
Foto: Reprodução/Facebook presidente Filipe Nyusi
Grande parte de Moçambique ficou alagada e sem comunicações em função da passagem do ciclone Idai

Após a passagem do ciclone Idai, 128 mil pessoas estão vivendo em abrigos improvisados em Moçambique, de acordo com o governo do país. A quantidade de moçambicanos vivendo em abrigos aumentou exponencialmente nesta segunda-feira (25). Até o último domingo (24), 18 mil pessoas estavam nos abrigos, que ficam em sua maioria na região de Beira.

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As autoridades de Moçambique também informaram que o número de mortos no país subiu para 446. Ainda mais vítimas do ciclone Idai devem ser encontradas com a redução do nível da água e o acesso a áreas que antes estavam isoladas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que haja pelo menos 1 milhão de crianças afetadas pelo ciclone em Moçambique, país mais atingido pela tragédia.

Agora, uma das principais preocupações é com uma possível epidemia de doenças transmitidas pela água, especialmente cólera. “É importante termos consciência de que vamos ter cólera, malária, já temos elefantíase, e vai haver diarreias. O trabalho está sendo feito para mitigar [os surtos]”, disse o ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural de Moçambique , Celso Correia.

Correia também anunciou a criação de um centro de tratamento da doença. A Cruz Vermelha já anunciou os primeiros casos de cólera em Moçambique, mas nem a ONU, nem o governo do país confirmaram os registros.

"Teremos doenças transmissíveis pela água, mas com centros instalados seremos capazes de administrar a situação", concordou Sebastian Rhodes-Stampa, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Dengue, zika e leptospirose também são doenças que podem se espalhar.

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Comunidades próximas à Nhamatanda, 100 km ao noroeste de Beira, receberão ajuda pela primeira vez nesta segunda, de acordo com Celso Correia. "Estamos mais organizados agora, depois do caos que tivemos. Entregaremos comida para mais pessoas hoje", disse Correia. As inundações geradas pela chuva destruíram estradas, bloqueando a chegada de comida e ajuda para as áreas afetadas.

Neste sábado (23), no entanto, a cidade de Beira, que é a quarta maior de Moçambique e ficou 90% destruída, saiu do isolamento com a conclusão das obras de reparo da única rodovia de acesso à cidade. Além disso, a baixa da inundação já permitiu que o governo enviasse médicos para várias regiões.

Por outro lado, Beira continua sem energia elétrica em algumas regiões, o que dificulta o atendimento nos hospitais. Os sobreviventes, por sua vez, ainda buscam alimentos e roupas, enquanto a Cruz Vermelha tenta reunir os membros de famílias separadas.

Na tentativa de retomar a vida normal, os moradores iniciaram a reconstrução das casas, ainda que os recursos disponíveis sejam escassos. A catedral Ponta Gea, que escapou ilesa da tempestade, recebeu neste domingo (24) uma missa em homenagem às vítimas.

O ciclone Idai atingiu Moçambique, país mais afetado e, em seguida, foi para o Zimbábue e o Malaui. Depois da passagem do ciclone, houve vários dias de tempestade. Número total de mortos nos três países podem chegar a mil , de acordo com organizações internacionais, entidades de ajuda humanitária e governos locais.