Um jornalista venezuelano foi capturado por agentes do regime do presidente Nicolás Maduro, na noite desta segunda-feira (11), de acordo com informações divulgadas pelo sindicato de jornalistas da Venezuela. Luis Carlos Díaz, de 34 anos, está sob acusação de ter sido um dos responsáveis pelo apagão que atingiu a maior parte do país na última quinta-feira (7) .
Segundo Maduro, a falta de energia foi provocada por uma “guerra elétrica” instaurada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Venezuela. Enquanto isso, o Grupo de Lima – que reúne 14 países das Américas – culpou Maduro pelo apagão .
Nas redes sociais, a mulher de Díaz, Naky Soto contou que havia conversado com o marido no final da tarde de ontem e que havia sido avisada de que o jornalista estava a caminho de casa para descansar antes de apresentar um programa ao vivo na Unión Radio.
“Luis Carlos não chegou e não me preocupei, porque achei que ele havia preferido aproveitar a eletricidade e a conexão da rádio, ficando por lá, mas há meia hora me ligaram para avisar que o estavam procurando, porque ele não estava na emissora”, escreveu.
Naky ainda contou que sua casa foi revistada e que os agentes que prenderam o marido afirmaram que havia uma ordem de prisão para ela também, mas que não seria executada, pois a ativista está em um tratamento contra um câncer de mama. No Twitter, Naky postou um vídeo fazendo apelo para que o jornalista seja solto.
#URGENTE | Naky Soto, esposa de Luis Carlos Díaz, denuncia allanamiento a su residencia la madrugada de este #12Mar y convoca a las 11:00 am a la Fiscalía, en Parque Carabobo, para pedir la libertad de Luis pic.twitter.com/Igqs4tQVuQ
— SNTP (@sntpvenezuela) 12 de março de 2019
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Na madrugada desta terça-feira (12), o sindicato informou que cerca de 15 agentes do Sebin – serviço de inteligência do país – apreenderam computadores, pen drives, celulares e dinheiro da casa de Díaz. Segundo Naky, o jornalista é acusado de ser hacker, quando, na verdade, seu trabalho é pelos direitos digitais.
Além de Díaz, outra pessoa também foi presa acusada de ser responsável pelo apagão, segundo anúncio de Maduro . A hipótese é de que eles tenham sido levados ao Helicoide, edifício em Caracas usado como detenção de presos políticos e comuns.
Jornalistas e órgãos internacionais de direitos humanos e liberdade de imprensa passaram a mobilizar uma campanha internacional à procura de Díaz. O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, também se manifestou em sua conta no Twitter: “Atenção, continua perseguição a jornalistas na Venezuela”.
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O jornalista afirmava que estava sendo perseguido e censurado há um tempo e tecia críticas à gestão de Maduro e ao modo como o presidente justificava o apagão na Venezuela. Junto com um dos jornalistas mais respeitados do país, César Miguel Rondón, Díaz fazia parte da equipe do programa de rádio Circuitos Éxitos, que foi cancelado no dia 15 de fevereiro por ter de tornado “incômodo para o regime”, de acordo com Rondón.