Após violência, Brasil e Venezuela negociam reabertura da fronteira

Um indígena venezuelano que se feriu durante confronto com militares do governo Maduro morreu após ser atendido em um hospital de Roraima

Fronteira Brasil-Venezuela pode ser reaberta após negociação entre governadores
Foto: Reprodução/Instagram
Fronteira Brasil-Venezuela pode ser reaberta após negociação entre governadores

As negociações entre as autoridades do Brasil e da Venezuela evoluem no esforço de reabertura da fronteira entre os dois países, fechada desde sexta-feira (22). O governador de Roraima, Antonio Denarium, reuniu-se nesta quarta-feira (27) com o governador do estado de Bolívar, Justo Nogueira Pietri, para discutir o tema.

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No encontro, eles conversaram sobre tratativas comerciais que possibilitem abastecer as cidades fronteiriças de Pacaraima, no Brasil e Santa Elena de Uairén, na Venezuela . Ambos demonstraram preocupação com o desabastecimento de produtos básicos para as duas regiões.

O Brasil precisa da reabertura para importar do país vizinho calcário e energia, por exemplo. Já a população da Venezuela necessita de produtos como alimentos e medicamentos, escassos devido ao fechamento da fronteira – medida anunciada pelo presidente do país, Nicolás Maduro. Desde então, houve momentos de confrontos e violência na região, registrando inclusive mortos e feridos.

"As cidades de Pacaraima e Santa Elena necessitam uma da outra para se manter. Diante da atual situação, solicitamos a abertura da fronteira para que as relações comerciais ocorram com normalidade", ressaltou Denarium. 

O governador Justo Nogueira destacou a importância do diálogo com o governo de Roraima "para facilitar as compras de suprimentos por meio de empresários brasileiros". A reabertura da fronteira depende da decisão do governo central da Venezuela.

Pelos dados do Itamaraty , vivem na Venezuela, em diferentes cidades, cerca de 11,8 mil brasileiros. Nem todos têm interesse de retornar ao Brasil, pois muitos têm dupla nacionalidade e preferem ficar em território venezuelano. Um grupo de cerca de 100 brasileiros foi autorizado a deixar a região de Santa Elena e a voltar para o Brasil. 

A violência também preocupa a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, que aprovou um relatório da comissão especial sobre o processo de ajuda humanitária e os casos de repressão, violência e ataques por parte do governo de Nicolás Maduro. Os parlamentares propõem um acordo para uma coalizão internacional que garanta a ajuda humanitária e o restabelecimento da democracia no país.

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Na mesma sessão, representantes indígenas do Parlamento Amazônico denunciaram as agressões ao povo Pémon durante a ação. A denúncia será encaminhada à Corte Penal Internacional por crimes de lesa humanidade.

Na manhã desta quinta-feira (28), o indigena venezuelano Kliver Alfredo Perez Rivero, de 24 anos, que ficou gravemente ferido durante um conflito com militares do governo Maduro, não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Geral de Roraima, onde estava internado desde a semana passada.

Nesta quinta-feira, o autoproclamado presidente interino da Venezuela , Juan Guaidó, será recebido no Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro. A reunião, confirmada pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, ocorrerá no Palácio do Planalto, às 14h. Apesar de o Brasil reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela, o encontro não será tratado como uma visita de Estado.