O cardeal australiano George Pell foi declarado culpado por abusos sexuais de menores de idade, em uma decisão tomada por um tribunal de Melbourne e revelada nesta terça-feira (26). O Vaticano disse, em nota oficial, que a condenação do cardeal australiano George Pell pelo crime de pedofilia "é uma notícia dolorosa".
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Pell é considerado um dos homens mais poderosos dentro do Vaticano e o mais importante na Igreja Católica da Austrália. Ele era o principal conselheiro financeiro do papa Francisco e secretário de Economia do Vaticano. Ele foi acusado de pedofilia por conta de um crime ocorrido em 1996, quando era arcebispo de Melbourne.
Pell teria forçado dois garotos que beberam vinho a praticar atos libidinosos. Uma das vítimas prestou depoimento no tribunal, enquanto o outro acabou morrendo em 2014, por conta de uma overdose de drogas.
"Como muitos sobreviventes, demorei anos para entender o impacto daquilo na minha vida", disse a suposta vítima, que não teve a identidade revelada. O jovem ainda revelou que sentiu "vergonha, solidão, depressão e dificuldades" após o abuso.
O cardeal foi considerado culpado por abuso sexual e atentado ao pudor contra duas crianças: um coroinha de 13 anos e um jovem da mesma idade do colégio St. Kevins, em 1996, quando Pell tinha 55 anos.
A sentença foi emitida em 11 de dezembro de 2018, mas foi divulgada somente agora. Pell , de 77 anos, estava em liberdade condicional, mas pode ser preso a partir de amanhã para cumprir uma pena de 10 anos a 50 anos de prisão.
Uma audiência que determinará detalhes da pena está agendada para esta quarta-feira (27). O cardeal australiano se diz inocente.
A notícia da condenação veio à tona apenas dois dias depois do papa Francisco concluir uma cúpula histórica no Vaticano, com bispos do mundo todo, para estabelecer novos protocolos contra denúncias de pedofilia.
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"Uma notícia dolorosa, que estamos conscientes que chocou muitíssimas pessoas, não somente na Austrália. Como afirmamos em outras ocasiões, reiteramos o máximo respeito pelas autoridades judiciais australianas. Em nome deste respeito, recordamos que o cardeal Pell reiterou sua inocência e tem o direito de se defender até a última instância", disse o diretor da sala de imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti.
Ele também informou que, "para garantir o curso da justiça", o papa Francisco confirmou a adoção de medidas cautelares "já dispostas em relação a Pell". Isso significa que, até a sentença em última instância do julgamento por pedofilia , o cardeal permanecerá afastado do exercício de seu ministério religioso, "sem contato - de nenhum modo e forma - com menores de idade", disse Gisotti.
*Com informações da Ansa Brasil