Itamaraty acusa Maduro de terrorismo, narcotráfico e corrupção generalizada

Chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, se reuniu com opositores de Nicolás Maduro e divulgou nota dura contra o presidente venezuelano. Confira

Nicolás Maduro é duramente criticado por nota oficial divulgada pelo Itamaraty após chanceler brasileiro se reunir com opositores do presidente venezuelano
Foto: Twitter/ @NicolasMaduro
Nicolás Maduro é duramente criticado por nota oficial divulgada pelo Itamaraty após chanceler brasileiro se reunir com opositores do presidente venezuelano

O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota na noite desta quinta-feira (17) na qual afirma que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela é baseado no tráfico de drogas e de pessoas, na corrupção generalizada e no terrorismo. A nota foi divulgada após o ministro Ernesto Araújo se reunir em Brasília com lideranças políticas venezuelanas que fazem oposição a Maduro.

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Na nota, o Itamaraty afirma que "o sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo". Além disso, em outro trecho, o texto afirma que "o Brasil tudo fará para ajudar o povo venezuelano a voltar a viver em liberdade e a superar a catástrofe humanitária que hoje atravessa".

O presidente Jair Bolsonaro também esteve reunido com o juiz venezuelano Miguel Ángel Martin, opositor de Maduro, e divulgou um vídeo, através do Palácio do Planalto, também na noite de quinta-feira (17) em que reforça que o Brasil fará "tudo o que for possível para restabelecer a ordem, a democracia e a liberdade" na Venezuela. "Eu acredito que a solução virá em breve", afirmou o presidente brasileiro tentando transmitir esperança.

Na mesma mensagem, Bolsonaro também aproveita para criticar alguns de seus antecessores no cargo de presidente da República ao afirmar que "sabemos como esse desgoverno chegou ao poder, inclusive com a ajuda de presidentes que o Brasil já teve, como Lula e Dilma. E isso nos torna responsáveis pela situação em que vocês se encontram", afirmou no vídeo.



Após críticas a Maduro, governo renova Operação Acolhida à venezuelano

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasul
Operação Acolhida foi renovada por mais um ano, após visita de cinco ministros ao estado de Roraima por onde entraram a maioria dos imigrantes venezuelanos

No mesmo dia das reuniões em Brasília e da divulgação das mensagens do Itamaraty e do Palácio do Planalto, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), anunciaram a renovação da Operação Acolhida, que recebe e promove a interiorização de imigrantes e refugiados venezuelanos, até marçao de 2020, sem possibilidade de fechamento da fronteira do estado com a Venezuela.

Além de Fernando Azevedo e Silva, os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, da Educação, Ricardo Véleza, da Cidadania, Osmar Terra, e da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, visitaram as intalações usadas em Boa Vista na quinta-feira (17). Já nesta sexta-feira (18), o grupo seguirá até a fronteira do Brasil com a Venezuela.

As autoridades vão verificar as instalações destinadas à Operação Acolhida no município de Pacaraima. A cidade é considerado a principal porta de entrada dos imigrantes que vêm da Venezuela. Foi ali que, em agosto do ano passado, um grupo de venezuelanos foi atacado e incendiado na rua.

Azevedo e Silva descartou a possibilidade de interromper o processo, previsto para terminar em 31 de março, ressaltando que a definição dos recursos será feita. Sem detalhar, ele destacou que há aspectos que serão aperfeiçoados. “Nós temos uma previsão [de despesas] que é finita. Tem que ver essa parte orçamentária para prosseguir”.

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A operação lançada pelo governo federal no início de março de 2018, no esforço de combater a crise humanitária provocada pela onda migratória venezuelana, é coordenada pela Força-Tarefa Logística Humanitária, uma iniciativa que reúne vários ministérios e órgãos federais, estadual e municipais.

As ações de apoio aos venezuelanos que chegam ao Brasil, fugindo da crise econômica e da instabilidade política no país vizinho, incluem o fornecimento de refeições, abrigo e cuidados médicos, a regularização da situação dos imigrantes que manifestem o desejo de permanecer no Brasil e a redistribuição das famílias para outras regiões.

A Operação Acolhida envolve aproximadamente 600 militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. As ações são responsáveis também pelos postos de atendimento e abrigos destinados aos venezuelanos.

Durante a entrevista, os ministros e o governador ressaltaram a preocupação com a dependência energética do estado em relação à Venezuela, que abastece a região: metade da eletricidade consumida em Roraima vem do país vizinho. O restante é produzido por usinas termelétricas e custa cinco vezes mais que a hidrelética usada na maior parte do Brasil.

Segundo o governador, uma solução é a retomada da construção da linha de transmissão que sai da usina de Tucuruí, no Amazonas, até Boa Vista. São 700 quilômetros de obras, abandonadas desde 2011 mas que, quando forem retomadas, ainda devem demorar três anos para serem concluídas.

O governador Antonio Denarium avaliou que, além de garantir a autonomia energética, a construção do chamado Linhão de Tucuruí poderia impulsionar a indústria local e gerar empregos.

“Vamos ter a condição de atrair novos investidores e, ao mesmo tempo, dar segurança energética ao estado. Com o Linhão de Tucuruí, teremos condições de atrair a indústria para Roraima, aumentando a produção de alimentos, a agroindústria e o beneficiamento de diversos produtos.”

Na região do Linhão do Tucuruí entram cerca de 500 a 600 venezuelanos por dia em busca de abrigo e oportunidades no Brasil. Menos de 5% deles ficam em Roraima.

De acordo com os dados oficiais, a maioria dos imigrantes que ingressa no território brasileiro busca seguir para outros estados e países. A Colômbia é o local mais procurado por eles nas Américas.

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Desde 2017, 180 mil cidadãos venezuelanos fugiram do país liderado por Nicolás Maduro e migraram passando por Pacaraima. Segundo os levantamentos mais recentes, desse total 5,8 mil estão em Roraima e 4,2 mil foram levados para mais 15 estados, por meio da interiorização.