O procurador-geral do Peru, Pedro Chávarry, declarou, nesta terça-feira (8), que irá apresentar a sua renúncia ao cargo que ocupa. Sua saída ocorre em meio à crescente indignação pública com a maneira como ele tem lidado com as investigações da Operação Lava Jato no Peru, envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.
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A decisão de Chávarry representa uma vitória para o presidente Martín Vizcarra que, na semana passada, enviou ao Congresso do Peru uma legislação para suspender o procurador-geral do cargo. Há pouco, Chávarry demitiu dois importantes promotores do inquérito da Lava Jato , o que desencadeou a reação de Vizcarra e uma rejeição pública.
O procurador-geral é acusado de estar tentando interferir na investigação relacionada à Odebrecht. Porém, ele nega tais acusações e, em resposta às críticas, reconvocou os dois promotores que haviam sido demitidos. Ambos, assim como o ex-juiz federal Sergio Moro no Brasil, são admirados no Peru como grandes combatentes da corrupção.
Mesmo com o retorno desses promotores, diversos peruanos pediam pela renúncia de Chávarry. Em um comunicado publicado em suas redes sociais, o procurador-geral afirmava que iria renunciar por “respeito à instituição”, no caso, o Ministério Público peruano.
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"Por respeito à instituição, amar a Deus e minha família, irei apresentar a minha carta de renúncia ao cargo de procurador-geral", disse Chávarry
, na sua conta pessoal no Twitter. Segundo ele, a decisão foi tomada "em prol da independência do Ministério Público".
De acordo com a Andina , a agência oficial de notícias do Peru , a decisão de Chávarry foi bem recebida pelos integrantes de diversos setores da sociedade que estão envolvidos nas investigações.
Além disso, segundo a imprensa peruana, o procurador-geral também é suspeito de envolvimento com o ex-integrante da Suprema Corte, César Hinostroza, investigado nesse esquema de corrupção no país.
Tal investigação contra a empreiteira brasileira Odebrecht foi deflagrada pela operação de mesmo nome no Brasil, mas repercutiu em toda a América Latina, devido ao tamanho dos contratos da empresa.
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De acordo com procuradores dos Estados Unidos, a Lava Jato é hoje o maior esquema de corrupção política já revelado em todo o mundo. Em 2016 a empreiteira admitiu ter pago milhões de dólares em propinas a autoridades de diversos países para obter contratos de obras públicas ao longo de uma década.
* Com informações da Agência Brasil.