Cúpula do G20 começa sob forte tensão comercial e clima de desunião na Argentina

Encontro completa uma década; em 2008, união das nações no combate à crise financeira pautava a cúpula; agora, acordo de colaboração está em risco

Trump é um dos culpados pelo clima de tensão na cúpula do G20, mas não é o único; entenda o que mudou em 10 anos
Foto: Flavio LoScalzo/Ansa
Trump é um dos culpados pelo clima de tensão na cúpula do G20, mas não é o único; entenda o que mudou em 10 anos

A Cúpula dos Líderes do G20, que reúne as maiores economias mundiais, teve início nesta sexta-feira (30) em Buenos Aires, na Argentina. O encontro, que termina neste sábado (1º) é o décimo do tipo, dado que a primeira cúpula foi em 2008.

Há uma década, a reunião aconteceu em meio às discussões sobre a crise financeira que começou no mercado imobiliário norte-americano. O intuito da criação do grupo era justamente estimular a união dos países do G20 , para ultrapassar a crise. Hoje, porém, os tempos são outros. 

As discussões desta edição se concentram, principalmente, em guerra comerciais, nas preocupações com o crescimento da economia mundial, com o multilateralismo, além das novas relações de trabalho e as mudanças climáticas. Os temas são vistos como polêmicos por algumas nações, que possuem um posicionamento contrário ao dos demais países do grupo.

Um exemplo é os Estados Unidos, que, sob a presidência de Donald Trump , se recusam a participar das discussões a respeito de mudanças climáticas. Assim como os norte-americanos, outras nações têm apresentado um comportamento unilateral, sobrepondo os interesses próprios ao do grupo. 

Além disso, alguns eventos recentes podem agravar a situação na cúpula. Afinal, o presidente russo, Vladimir Putin , chegou à Argentina, nesta sexta, poucas horas depois da captura de navios ucranianos. O caso gerou, inclusive, o fechamento das fronteiras ucranianas para homens russos que tiverem entre 16 e 60 anos de idade.

Em entrevista ao Wall Street Journal , Trump deixou claro, na Argentina , o seu principal interesse é em um encontro a portas fechadas com o presidente chinês Xi Jinping. O norte-americano ameaçou impor tarifas sobre mais de centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, se não conseguir as concessões que pretende exigir durante essa conversa.

Por sua vez, o Brasil perdeu o  protagonismo que outrora tivera na cúpula. Esta é a última vez que Michel Temer participa do encontro como presidente da República e, mais uma vez, promete "reiterar seu compromisso com a democracia e com as reformas econômicas, no plano doméstico, bem como com a defesa do diálogo e do multilateralismo, no plano externo", como diz nota do Itamaraty.

Segurança e preparação argentina para a Cúpula do G20

Foto: Divulgação/G20
Posicionamentos fortes de nações como os EUA enfraquecem caráter de 'grupo' do G20, cuja cúpula começou na Argentina

Mais de 25 mil agentes policiais foram deslocados para a segurança da Cúpula do G20 . Para o encontro, a cidade de Buenos Aires foi praticamente blindada, sendo que o transporte público teve rotas e vias alteradas durante praticamente a semana toda. A previsão é que 15 mil pessoas participem da cúpula, considerando que três mil delas são jornalistas.

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* Com informações Agência Brasil.