Mais de 50 meninas – incluindo algumas com menos de quatro anos de idade – foram internadas em um hospital de Burkina Faso, depois de serem submetidas ao procedimento de mutilação genital feminina, prática proibida no país desde 1996.
Leia também: "Desmaiei de dor", lembra top model da Somália sobre mutilação genital
Duas mulheres e alguns parentes das meninas foram presos. Segundo a ministra de Assuntos das Mulheres, Laurence Marshall Iboudo, afirmou à BBC News
, nem todas as crianças que sofreram a mutilação genital feminina (MGF, na sigla em português) foram identificadas. O procedimento foi realizado em Kaya, a norte da capital Ouagadougou.
A ONG “Voix de Femmes”, que administra um centro na periferia da capital para sobreviventes da MGF, também chamada de " circuncisão feminina ", afirmou que presta socorro a cinco meninas, enquanto muitas outras foram levadas para hospitais locais.
Mutilação genital feminina e mortes prematuras
Nesta terça-feira, ativistas na Somália anunciaram que a terceira garota havia morrido em menos de uma semana, após ter sido mutilada na região de Puntland. Suheyra Qorane Farah foi cortada junto da irmã, Zamzam. Ambas apresentaram complicações graves e entraram em coma.
Leia também: Mutilação genital feminina é tema de campanha impactante e criativa
De acordo com o The Guardian, Zamzam apresentou melhora no estado de saúde, mas Suheyra não teve a mesma sorte. Ela foi diagnosticada com tétano e morreu nessa segunda-feira (17). Ainda na Somália, a morte de Suheyra ontem foi seguida de duas irmãos, Aasiyo e Khadijo Farah Abdi Warsame, de 10 e 11 anos. As duas morreram na última semana.
O governo somali anunciou recentemente que aconteceria o primeiro julgamento ligado à prática de circuncisão feminina, depois da morte de uma garota de 10 anos. Mas, até agora, o processo pouco avançou.
Leia também: Mutilação genital tem efeitos semelhantes a abuso sexual, diz OMS
Hawa Aden Mohamed, diretora-executiva do Centro Galkayo, em Puntland, organização que auxilia crianças afetadas pela MGF no país, afirmou que espera que as mortes “possam servir como alerta aos responsáveis para que vejam a necessidade de haver uma lei que proteja meninas dessa prática hedionda”.
A mutilação genital feminina é ilegal em Burkina Faso desde 1996, um dos primeiros países africanos a proibir legalmente a prática. De acordo com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), 75% das mulheres entre 15 e 49 anos do país foram submetidas a esse procedimento, ligado a grupos étnicos e religiosos – geralmente realizados em áreas rurais.